SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse nesta segunda-feira (27) que ainda não pretende iniciar as conversas para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) neste momento.
“O governo britânico não irá invocar o artigo 50 [que fornece base jurídica para a saída da UE] neste momento. Esta é nossa decisão soberana e será tomada pelo Reino Unido, e pelo Reino Unido somente”, disse em seu primeiro pronunciamento ao Parlamento após o plebiscito de quinta (23).
O premiê disse que o resultado da votação, que deu a vitória para o “Brexit” (junção de “Britain” e “exit”, ou seja, a saída britânica da UE), “não é o desfecho que penso ser melhor para o Reino Unido”, mas que o resultado precisa ser respeitado e implementado “da melhor forma possível”.
Cameron também disse que não haverá mudanças imediatas para cidadãos da UE que hoje vivem no Reino Unido
Em sua fala no Parlamento, o primeiro-ministro sugeriu ainda que o Reino Unido faça negociações para permanecer no mercado único europeu e anunciou a criação de uma nova unidade com servidores públicos que ajudará a preparar as negociações para a saída do Reino Unido do bloco econômico.
Também nesta segunda, a chanceler alemã Angela Merkel afirmou em entrevista coletiva que não pretende pressionar o Reino Unido a acelerar ou desacelerar sua saída da UE, mas deixou claro que discussões informais sobre o Brexit não devem começar até que Londres peça a saída do bloco.
“Eu não tenho nem um freio nem um acelerador. Em vez disso, tenho o trabalho de refletir, quando essa mensagem [sobre a saída do Reino Unido] chegar, sobre como implementá-la exatamente”, disse.
BLOQUEIO
Cameron destacou ainda nesta segunda-feira que não deve haver uma tentativa do Parlamento britânico de bloquear a saída do Reino Unido da UE.
A primeira-ministra da Escócia, onde a opção de permanência na UE venceu com 62% dos votos, Nicola Sturgeon, chegou a dizer neste domingo (26) que deve “levar em consideração” aconselhar os parlamentares do país a usarem seu poder para dificultar a saída do Reino Unido da UE.
Segundo Cameron, a saída da UE não será tranquila para a economia do Reino Unido. Ele acrescentou, no entanto, que as instituições financeiras britânicas têm planos robustos e podem resistir à incerteza do Brexit.
NOVO PRIMEIRO-MINISTRO
Após a vitória da opção pela saída no plebiscito na semana passada, Cameron anunciou que deixaria o cargo de primeiro-ministro.
Um comitê do Partido Conservador responsável pela disputa da liderança do partido definiu em reunião de emergência nesta segunda que o processo de eleição para o próximo primeiro-ministro britânico deve ser iniciado na próxima semana e que um novo líder deve ser anunciado até o dia 2 de setembro.
O ex-prefeito de Londres e líder da campanha pelo Brexit, Boris Johnson, e a ministra Theresa May, favorável à permanência do Reino Unido na UE, são considerados os favoritos à vaga.
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