MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Satisfeito com a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comemorou o resultado e disse que agora as duas Casas podem voltar a trabalhar em conjunto. Em um gesto de cortesia, Maia visitou Renan nesta quinta (14), no gabinete da Presidência.
“Depois da vitória do presidente Aldo Rebelo [que comandou a Câmara entre 2005 e 2007], eu tive, talvez, a maior satisfação com a eleição de presidente na Câmara dos Deputados”, disse Renan, sem mencionar que, em 2009, o eleito para comandar a Casa foi o hoje presidente interino da República, Michel Temer (PMDB).
“A vitória do Rodrigo Maia é uma demonstração sobeja de que a boa política não morreu. Ela está vivíssima. De modo que estou muito satisfeito porque a vitória do Rodrigo Maia recoloca a possibilidade de as duas Casas fazerem um esforço conjunto de uma pauta mínima, suprapartidária, de interesse nacional”, ressaltou o senador.
A falta de diálogo entre as duas Casas era uma reclamação antiga de Renan, que não tinha uma boa relação com Eduardo Cunha (PMDB-AL), ex-presidente da Câmara. O peemedebista destacou a importância de se estabelecer uma pauta mínima conjunta para retomar os trabalhos no Congresso.
Renan contou ainda que ele e Maia se reunirão com o presidente interino, Michel Temer, na próxima terça-feira (19), no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, para tratar desta pauta. De acordo com Renan, Temer está “muito satisfeito” com o resultado da eleição.
Os dois estiveram com o interino nesta quinta no Palácio do Planalto quando Maia foi fazer uma visita de cortesia ao presidente. “Fui agradecer a imparcialidade do governo neste processo aqui na Câmara. É muito importante a independência entre os poderes”, disse Maia. Mais cedo, o novo presidente também se reuniu com o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG).
Em relação à votação da cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maia repetiu que irá marcá-la na volta do recesso branco em um dia de quórum alto. “Não quero ajudar e nem prejudicar. Eu quero votar de uma forma transparente e com quórum elevado. Qualquer outra votação, a gente sabe que poderia estar interferindo a favor ou contra e isso não é correto”, afirmou.
Nesta quinta, Cunha sofreu uma derrota na CCJ da Casa que rejeitou por 48 votos a 12, um recurso apresentado por ele contra a sua cassação aprovada pelo Conselho de Ética no mês passado.
Com um segundo semestre cheio, com os Jogos Olímpicos e a realização das campanhas eleitorais, Maia pretende organizar esforços concentrados para que a Casa trabalhe em, pelo menos, dois dias da semana.
Ele também afirmou que acredita ser possível que a proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos possa ser votada até o fim deste ano. “Ela está na Comissão de Constituição e Justiça e vamos pedir ao presidente do colegiado para acelerar essa votação. É uma matéria que interessa a todos”, disse.