Os papgaios pertencem à ordem dos Psittaciformes, o grupo de aves mais ameaçado do mundo. Coloridos, de bico extremamente forte, de fácil adaptação aos humanos e capazes de repetirem palavras quando ensinados, acabaram virando um dos principais alvos do tráfico de animais silvestres no Brasil. Hoje são três espécies de papagaios ameaçados de extinção, segundo o Ibama. No que depender do Zoológico de Curitiba, porém, essas espécies terão ainda uma longa vida.

Desde 2002 o Zoo da Capital, através do setor de reprodução e por meio dos esforços do ornitólogo Pedro Scherer Neto, mantém um projeto cujo intuito é reproduzir os papagaios em cativeiro. Hoje, quatro espécies são cuidadas no local — chauá, charão, peito-roxo e cara-roxa. Os três primeiros estão ameaçados de extinção, ao passo que o último deixou a lista em janeiro do ano passado, passando de vulnerável para quase ameaçada, o que representa uma melhora no ponto de vista da conservação, ainda que o risco não tenha sido totalmente eliminado.

A importância (do projeto) é você ter uma reserva em cativeiro por segurança. São espécies ameaçadas de extinção, então se um dia precisar, conseguimos reproduzir aqui para depois soltar na natureza, explica o ornitólogo de 68 anos, que há 45 anos atua na Prefeitura de Curitiba e hoje coordena o projeto no zoológico.

Até aqui já se conseguiu reproduzir três espécies: o papagaio Chauá — sendo que o zoológico de Curitiba foi o primeiro do país a conseguir reproduzir um filhote da espécie —, o papagaio-do-peito-roxo, e o papagaio-charão, do qual somente no ano passado nasceram 12 filhotes e 22 desde 2010. Curiosamente, porém, o papagaio-de-cara-roxa, que foi quem inaugurou o projeto em 2002, ainda não alcançou os mesmos resultados.

Entre o final de agosto e começo de setembro, quando começa a primavera, inicia-se a atividade hormonal dos papagaios e aí os pesquisadores farão mais uma tentativa.

Começamos em 2002, tentando reproduzir o cara-roxa. Ainda não conseguimos e hoje contamos com seis casais. Em outros lugares o casal talvez tenha mais afinidade. As vezes formamos o casal, eles se aceitam, mas demora até dar certo, aponta Scherer. Tentamos até fazer uma troca, colocando os ovos dos papagaios-de-cara-roxa com os de peito-roxo e vice-versa. Os ovos das aves de peito-roxo deram certo, nasceram, mas os de cara-roxa, não. Talvez falte fertilidade, complementa.