GUSTAVO URIBE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com receio de retaliações no Congresso Nacional, o presidente interino, Michel Temer, tem recomendado à equipe ministerial que não se envolva publicamente nas campanhas municipais deste ano. Ele teme que, diante do esforço de votar uma pauta econômica no início do segundo semestre, a participação do governo federal em disputas regionais possa criar desavenças com bancadas da base aliada e, assim, impactar a aprovação de medidas como o teto de gastos e as reformas previdenciária e trabalhista. Nas palavras de um auxiliar presidencial, o peemedebista compreende que os ministros têm um papel político no processo eleitoral, mas ele quer que atuem da maneira mais discreta possível para não criar um estresse desnecessário com o Congresso Nacional. A maior preocupação do presidente interino tem sido São Paulo, disputa com a participação de três candidatos da base aliada: Marta Suplicy (PMDB), João Dória (PSDB) e Celso Russomanno (PRB). Em conversas reservadas, ele reconhece que, como presidentes nacionais de suas siglas, os ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Marcos Pereira (Desenvolvimento) não deixarão de participar de costuras políticas, mas defende que eles evitem subir em palanques eleitorais ou façam críticas públicas a candidatos de partidos adversários. Para evitar saia-justa com siglas aliadas, o próprio presidente interino, que é também presidente nacional licenciado do PMDB, decidiu não participar de nenhuma campanha eleitoral no primeiro turno das eleições municipais. Ele já avisou, por exemplo, que não irá comparecer a convenção no próximo sábado (30), na capital paulista, que lançará a candidatura de Marta Suplicy. Nos bastidores, contudo, participou da articulação para o apoio de Andrea Matarazzo, do PSD, à candidatura da peemedebista. A cúpula nacional do PMDB já espera que o partido sofrerá um encolhimento no número de prefeituras controladas pela sigla nas eleições deste ano. A estimativa é que a legenda passará de 1.024, conquistadas em 2012, para cerca de 900. Ainda assim, a expectativa é que o partido siga como o detentor do maior número de prefeituras no país, ficando à frente do PSDB e do PT.