EULINA OLIVEIRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de subir frente a praticamente todas as moedas, o dólar perdeu força ante o real nesta segunda-feira (29), caindo mais de 1%, para a casa dos R$ 3,23. O movimento ocorreu mesmo com a queda do petróleo no mercado internacional, que pressiona os mercados emergentes. O Ibovespa fechou com ganho de 1,55%. A proximidade do fim do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, animou investidores, embora os volumes negociados nesta sessão tenham sido baixos, refletindo cautela. “Com a percepção de que a saída definitiva de Dilma do poder é irreversível, o tom do mercado foi de comemoração”, comenta Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos. “Porém, concluído o impeachment, não haverá mais desculpas para o novo governo não implementar as reformas, e a lua de mel com o mercado pode acabar logo”, adverte. No exterior, a moeda americana continuou se valorizando com a sinalização do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de uma alta dos juros americanos ainda neste ano. CÂMBIO E JUROS O dólar comercial terminou em baixa de 1,16%, a R$ 3,233. A moeda americana à vista, que encerra a sessão mais cedo, subiu 0,37%, a R$ 3,251. A moeda brasileira teve a maior valorização mundial frente ao dólar nesta sessão. Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, o mercado temia que, durante sua defesa no Senado, Dilma fizesse alguma acusação grave contra o presidente interino Michel Temer. “O discurso de Dilma não teve nada de novo, o que favoreceu a valorização do real”, avalia. Pela manhã, como tem feito ultimamente, o Banco Central leiloou 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões. O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira (31) sua decisão sobre a taxa básica de juros (Selic), que deve ser mantida em 14,25% ao ano, conforme preveem analistas. Nesta segunda-feira, o boletim Focus, do BC, mostrou que as estimativas do mercado para a inflação subiram, o que reforça a leitura de manutenção da Selic no atual patamar no curto prazo. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, recuava 1,27%, aos 257,671 pontos. BOLSA O Ibovespa fechou em alta de 1,55%, aos 58.610 pontos. O giro financeiro, porém, foi baixo, de R$ 5,3 bilhões. O principal índice da Bolsa paulista seguiu o bom humor na Bolsa de Nova York, além de refletir o otimismo de investidores com a reta final do impeachment. “A provável saída definitiva de Dilma já está em grande parte precificada, mas a proximidade da concretização desse evento e o início de um novo ciclo no país anima investidores”, comenta um profissional do mercado. As ações da Petrobras subiram 2,54%, a R$ 12,87 (PN), e 1,53%, a R$ 15,19 (ON). Os papéis da Vale avançaram 2,38%, a R$ 15,43 (PNA), e 2,20%, a R$ 18,10 (ON). No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 1,76%; Bradesco PN, +1,81%; Bradesco ON, +2,67%; Banco do Brasil ON, +4,01%; Santander unit, +2,26%; e BM&FBovespa ON, -2,61%. EXTERIOR Em Nova York, os índices acionários subiram, impulsionados pelo aumento dos gastos e de renda do consumidor em julho pelo quarto mês seguido. O índice S&P 500 ganhou 0,52%; o Dow Jones, +0,58%. e o Nasdaq, +0,26%. As Bolsas europeias fecharam em baixa, repercutindo as declarações dos dirigentes do Fed, na sexta-feira (26), sobre uma possível alta dos juros americanos neste ano. A Bolsa de Paris fechou em queda de 0,40%; Frankfurt, -0,41%; Madri, -0,50%; e Milão, -1,12%. A Bolsa de Londres não operou por causa de um feriado. Na China, índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,02%. O índice de Xangai fechou estável. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio ganhou 2,30%, com o enfraquecimento do iene ajudando as ações de empresas exportadoras.