LUISA BUSTAMANTE RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O número de mortes decorrentes de intervenção policial na cidade do Rio subiu 46% em julho, mês que antecedeu os Jogos Olímpicos. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 44 casos de autos de resistência. No mesmo período do ano passado, foram 30 registros na capital. Em todo o Estado do Rio, o crescimento de mortes em decorrência de ação policial foi menor do que o verificado na cidade -saindo de 61 registros em julho de 2015 para 74 no mesmo período deste ano. Os chamados autos de resistência foram registrados, em sua maioria (36 casos), em regiões da cidade que incluem ou estão próximas de algum equipamento olímpico ou rotas turísticas. Próximos ao complexo olímpico de Deodoro, bairros da zona norte e oeste que estão sob o policiamento do 9º e 41º batalhões da Polícia Militar registraram os maiores aumentos: 266% (de 3 para 11 casos) e 41,67% (de 12 para 17 casos), respectivamente. Na região em que está o Estádio Olímpico do Engenhão também houve quatro mortes em conflito com a PM, contra nenhuma no ano anterior, no mesmo mês. Na área que inclui o Complexo do Alemão, foram seis mortes provocadas pela polícia contra quatro em julho de 2015. O conjunto de favelas margeia a Linha Amarela, principal acesso para a Barra da Tijuca, onde fica o Parque Olímpico. Apesar de mais alto que no ano anterior, o número de mortes em decorrência de intervenção policial teve sua segunda queda no ano. Foram 5 casos a menos que junho, quando 49 mortes em conflitos com a polícia foram registradas. A primeira queda foi em fevereiro, com duas mortes deste tipo a menos que em janeiro, quando foram registrados 27 autos de resistência. Foram vistos aumentos em todos os outros meses do ano. HOMICÍDIOS AUMENTAM Os dados do ISP mostram ainda que o número de homicídios na capital subiu 15%, de 86 para 99. No Estado, esse aumento foi de 20%, passando de 306 para 368 casos. Na cidade, os crimes de rua, principal termômetro da sensação de segurança da população também dispararam. A quantidade de roubos de carros subiu 22%, com o total de 1.439 registros de ocorrência. Roubos a pedestres subiram 36%, com 3.772 casos, e roubos de aparelhos celular tiveram aumento de 45%, com 833 casos. No estado, esses aumentos foram de 28%, 62% e 75%, respectivamente. Os crimes foram registrados no mesmo mês em que as Forças Armadas ocuparam a cidade do Rio por conta dos Jogos Olímpicos. Os militares estão na cidade desde o dia 9 de julho. Enquanto isso, os números que medem a eficiência da atividade da polícia foram piores que no ano anterior. A apreensão de drogas teve queda de 12%; foram 702 armas apreendidas contra 733 em julho de 2015, uma queda de 4,2%. Policiais prenderam 235 pessoas a menos, uma queda de 3%. Já os cumprimentos de mandado de prisão caíram 14%.