Atleticanos e coxas estiveram às turras essa semana, após a divulgação local da pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito encomendada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Uma abordagem imprecisa dos dados apresentados a qualificou como apenas mais uma sobre tamanho de torcidas. Não é a proposta deste estudo. O mapeamento do SPC/CNDL não se preocupou em saber qual a maior torcida do País – e sequer tem dados específicos sobre Curitiba – mas sim em saber quais as mais participativas, as que mais consomem seus clubes. E enquanto coxas-brancas se vangloriavam de estar à frente de atleticanos após vários mapeamentos de tamanho de torcidas, enquanto os últimos questionavam os métodos e a amostragem (um papel inverso ao dos resultados anteriores, contraditório), esqueceu-se do principal: a avaliação dos dados sobre participação e consumo. Nem sempre ser maior em torcida significa ser mais rentável. E nisso o Coxa saiu na frente na pesquisa.

Tamanho não é documento
Sim, a pesquisa acaba trazendo dados sobre tamanho. Mas é importante frisar o que está na primeira página do estudo, disponível no site do SPC: a pesquisa quer compreender o envolvimento das torcidas com seus times, como acompanham notícias e partidas, quem viaja ver o time, quem compra camisa, Pay Per View, etc. Foram 620 enquetes via web em 27 capitais do Brasil. Em Curitiba, a torcida do Coritiba respondeu mais e isso se refletiu na amostragem de tamanho. Mas fundamentalmente, ela respondeu melhor, ou seja: seus dados de participação foram mais relevantes que dos atleticanos. Nos últimos 33 anos, com exceções pontuais em 1993 e 2008, o Atlético teve a maior torcida em todas as pesquisas de opinião. Daí o barulho dos rubro-negros quanto ao resultado, que saiu sem o detalhamento necessário. Mas o mais relevante não é quem é maior. É quem participa mais.

Os dados que valem
A primeira curiosidade: a maior parte dos coxas-brancas que responderam ao estudo é mulher. A menor parte está entre 35 e 54 anos e a grande maioria se diz simpatizante do Coxa, com os chamados fãs intensos sendo minoria. E isso é tudo sobre os times paranaenses. Atleticanos e paranistas (Londrina não esteve na enquete) não responderam em índice suficiente de menções. No geral, o estudo afirma que 84% dos torcedores assistem aos jogos em casa pela TV fechada e que – até que é pouco… – 5% já encerraram uma relação por conta do time. O Paraná não foi o único estado em que a pesquisa gerou polêmica: na Bahia, com o Vitória à frente do EC Bahia, rubro-negros se viram pela primeira vez na história à frente de tricolores. O SPC não tem dados específicos sobre Curitiba, respondeu a assessoria. Mesmo assim, o volume participativos dos coxas-brancas corresponde a uma expectativa já trazida no mercado. Recentemente, em conversa com o gestor de marketing Amir Somoggi, relatada nessa coluna e em outras mídias, já se justificava com reações de mercado as procuras de Nike e Adidas pelo Coxa, bem como a média similar de público da dupla, a despeito do produto Atlético (leia-se Arena) ser melhor acabado.

Estudos servem para análise. Este é mais um e que pode ajudar os clubes a descobrirem como explorar melhor suas massas torcedoras. O objetivo é o mesmo: faturar fora de campo para render melhor dentro.

Pênaltis
O Atlético pagou o preço de ter um time jovem, após um jogo brioso com dois a menos em campo (Luan e Marcos Guilherme não jogaram nada). Ao ter um elenco tão jovem, o Furacão deu adeus à Copa do Brasil pelo noviciado de João Pedro, Zé Ivaldo e Otávio (esse menos). Foi sopa demais pro azar. Mas mesmo os experientes falharam. Weverton foi pretensioso ao querer bater pênalti e Paulo André selou a eliminação. Passa o Grêmio, ficam as lições. Pena que a rotina seja desmanchar time. O perdão aos jovens e a lição dos calos poderão render frutos apenas se uma base for mantida. Já imaginaram o que um elenco com Neto, Rhodolfo, Manoel, Marcelo Cirino, Ewandro e alguns mais podiam fazer? Só revelar não dá taça.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão