Passar pelo Deportivo Capiatá foi uma lição e tanto para os atleticanos. Para quem fala em título mundial, é importante ter em mente que o Mundo não vive só de Real Madrid. O brio e a entrega da equipe no Paraguai, para colocar o time na fase de grupos da Libertadores, provam que o futebol é mágico. De que valeria toda a infraestrutura atleticana se o time fosse eliminado pelo modesto – e valente – Capiatá? Nada. Mas não aconteceu. Por que futebol também é, e talvez seja até mais que o restante, alma.
Valeu o empenho dos jogadores. O time chegará cascudo à fase de grupos. É um elenco, no entanto, que precisa de mais para ir além. Como gosta de dizer Autuori, o time sabe sofrer. Ok. Mas pela frente virão equipes que sabem sofrer e sabem jogar. No jogo de quarta, o Atlético começou soberano, fez o 1 a 0 da vaga, e recuou. E foi recuado pela força do Capiatá. Precisa também saber se impor. Agora, estará no grupo da morte, com Flamengo, San Lorenzo e Universidad Católica. Todas camisas mais pesadas que a do Furacão, habituadas à Libertadores de regulamento conveniente e rigidez flexibilizada aos amigos do Rei.
Gosto da ambição atleticana. Acho que mirar as estrelas é o primeiro passo para chegar mais alto. Somos do tamanho dos nossos sonhos, e trato disso logo abaixo. Mas, se eu pudesse resolver algo objetivamente na Baixada, arrumava já um centroavante camisa 9 daqueles que mete gol e um lateral-esquerdo de primeira linha, para brigar com Sidicley.

Que semana!
O Atletiba do YouTube, a Arena Atletiba, Libertadores, Anderson, novas cotas na Série B. Muitos assuntos pra pouco tempo. Ótimo que os paranaenses são protagonistas em muitas coisas no cenário brasileiro hoje. Desde a Primeira Liga, criada por paranaenses, rompida com paranaenses, gerida em parte por paranaenses hoje. Pequenas revoluções de muitas pessoas que passaram a trabalhar em vanguarda.
O clássico 370, que ainda terá transmissão pela internet, esconde muitas histórias de sua origem. Algumas já não importam mais. Importa sim que o legado ficará, um novo prisma de independência. A TV é fundamental ao futebol brasileiro, mas é preciso pensar em mais alternativas. As mídias estão em mutação constante, o que importa é estar perto do seu público. A verba da TV, vital para o futebol no Brasil, precisa ser melhor dividida. Politicamente há pouco movimento nesse sentido. Daí criam-se oportunidades, como a do Atletiba.
Ainda que a Série B tenha iniciado uma pequena revolução. Os pequenos resolveram equiparar forças e dividir a verba com base na classificação em campo. Por méritos, o Londrina receberá mais que o Paraná. Diante da mudança, uma discussão local. O que vale é que de baixo se viu que para ter competição é preciso fortalecer o menor. Vale para todas as esferas, inclusive no Estadual. Os americanos fazem isso muito bem. A NFL e a NBA têm seleção de reforços programada com prioridade aos mais fracos; a MLS, que passou a levar mais de 20 mil pessoas por jogo, tem divisão iguais entre os clubes.
A quem ainda interessa a manutenção do Status Quo?

Futebol brasileiro
Paraguaios estavam empolgadíssimos para os jogos contra Atlético e Botafogo. Não deu, mesmo com a sede da Conmebol sendo em Assunção. O Brasil vai com suas 8 equipes entre as 32 da fase de grupos, nada menos que 25% dos times. E isso com todos os problemas que conhecemos. Os cartolas vão querer para eles os méritos, mas a verdade é que o jogador brasileiro ainda está acima dos demais, mesmo com tudo que vimos nos 7 a 1. Imagine se esse país fosse sério…

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão