Volta-e-meia alguém critica o uso exagerado de palavras estrangeiras no nosso vocabulário. Os mais apaixonados dizem que usar expressões de outro idioma é uma forma de mostrarmos submissão a países dominadores. Quando essas expressões são em inglês, então, a crítica é de que os brasileiros se submetem à dominação do imperialismo norte-americano.

É claro que há traços de imposição de poder político no fato de que, em todo o mundo, há exageros no uso de expressões em inglês. Convenhamos, no chamado mundo dos negócios, ou dos business, há muito estrangeirismo desnecessário, quando temos palavras com o mesmo significado na Língua Portuguesa. Até as siglas são citadas como soletradas em inglês: CEO, CIO, CFO… e assim por diante.

Não é só a linguagem dos negócios que sofre influência do inglês. Muitas gírias adotadas por tribos urbanas são diretamente adaptadas da língua da terra do tio Sam. Outras profissões são igualmente influenciadas: economistas, jornalistas, educadores físicos… podemos dizer que todos nós usamos uma ou outra expressão em inglês. Mesmo aqueles que são contra, quase sem perceber, acabam deixando escapar um estrangeirismozinho.

As línguas são vivas e sempre estão passando por mudanças. E, por isso, muitas palavras estrangeiras são assimiladas em culturas diferentes. Isso não acontece só no Brasil. No Japão, por exemplo, a influência do inglês é tanta que o termo popular para namorado, por exemplo, é boyofurendo*, influência direta do inglês boyfriend. Sorvete é aiçucurimo*(de icecream) e cerveja é biro*(de beer).

Portanto, não é de hoje que existe esse intercâmbio de palavras entre línguas diferentes. Já houve época em que o chic era usar expressões francesas – como ainda temos o abajur, a bijuteria e outras no nosso vocabulário.

É claro que temos que combater o uso exagerado de estrangeirismos, que viraram uma moda irritante no nosso vocabulário. Mas, por outro lado, não podemos fechar os olhos a toda e qualquer influência estrangeira. Às vezes – poucas vezes, é verdade! – a palavra estrangeira é mais usual e simples do que a similar da Língua Portuguesa. Falar que tenho um sítio na rede mundial de computadores pode soar mais pedante do que dizer que tenho um site na internet.

(Adaptado do livro Etiqueta Social e Empresarial, de Adriane Werner – Editora Intersaberes)

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.