O Balé Teatro Guaíra apresenta de 15 a 18 (quinta a domingo), no auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão), a montagem contemporânea de Carmen, com coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni.

Neste terceiro trabalho com o BTG (os anteriores foram Caixa de Cores, em 2005, e Romeu e Julieta, em 2008), Bongionvanni mergulha no contexto forte e dramático de Carmen, uma das obras mais conhecida e montada, tanto para óperas como balés.

O cuidado do coreógrafo para esta versão começou meses antes de ele pisar na sala de aula do Balé Teatro Guaíra. Na pesquisa feita, Bongiovanni encontrou, entre tantas representações, a que foi promovida pelo Bolshoi em 1967. Nesta obra, encomendada por Maya Plisetskaya, com coreografia de Alberto Alonso, a música foi composta por Rodion Shchedrin, marido de Maya, que se coloca como um parceiro de Bizet. A trilha usada para a montagem do Guaíra é a mesma produzida por Shchedrin.

Gosto das histórias que os balés tradicionais contam, são arquetípicas que pertencem ao inconsciente coletivo. Para esta montagem, a ópera de Bizet e a obra literária do escritor francês Prosper Mérimée foram as grandes fontes de inspiração em termos de dramaturgia pré-existente. Somado a isto, está a descoberta do trabalho de Shchedrin. Então esta é a Carmen do BTG, que enfatiza a independência e a força feminina, num momento no qual a violência contra a mulher cresce assustadoramente. É a minha reverência e respeito às mulheres, disse.

O processo de montagem de Carmen teve participação dos bailarinos que tiveram, por exemplo, como tarefa muita pesquisa sobre a peça e as várias formas como a obra já foi apresentada. São excelentes artistas, dedicados e interessados às propostas, com uma dedicação profunda a este trabalho. Tive a possibilidade, nesta terceira obra com o BTG, de trabalhar com muita ênfase em dispositivos de improvisação e composição, afirma Bongiovanni. Os bailarinos tiveram também aulas de flamenco com Carmen Romero e, diariamente, recebem orientação do diretor teatral Edson Bueno.

Também estão na produção da montagem Beto Bruel (iluminação), Paulo Vinícios (figurino) e Gelson Amaral (cenário).

SENTIMENTOS – Carmen mostra paixão, ciúme e vingança. Da sedução ao trágico está o destino infeliz dos protagonistas da história e os reflexos no mundo contemporâneo.

Considero que é o momento adequado para revisitar o tema e, quem sabe, aumentar a conscientização do problema da violência contra a mulher. De modo geral, tanto para homens quanto para mulheres, faz parte da vida aprender a lidar com o mundo quando ele não se dobra aos nossos desejos, diz Bongiovanni. E Carmen é uma ótima oportunidade para se trazer o assunto à discussão. É uma história a respeito de como se lida com as frustrações, na qual a exuberância é castrada e isto me incomoda, D. José é um personagem que não consegue virar a página, é imaturo neste sentido, acrescenta.

PERFIL – O Balé Teatro Guaíra tem um papel importante na carreira profissional de Bongiovanni. É um dos mais importantes grupos do país e no meu histórico pessoal há um espaço especial para o Guaíra porque foi aqui que realizei um dos primeiros trabalhos como coreógrafo quando voltei ao Brasil, afirma.

Luiz Fernando Bongiovanni é professor do MBA em Dança da Faculdade Inspirar. Diretor e coreógrafo no Núcleo Mercearia de Ideias, grupo de pesquisa em artes cênicas contemplado com editais estaduais e municipais. Atualmente desenvolve Mestrado na Unicamp na área de pedagogias da dança.

Como bailarino dançou Giselle, A Bela Adormecida e Lago dos Cisnes de Mats Ek e atuou no Cullberg Ballet (Estocolmo, Suécia), Göteborgs Operan Ballet (Gotemburgo, Suécia), Scapino Ballet Rotterdam (Holanda), Zürcher Ballett (Zurique, Suíça) e Balé da Cidade de São Paulo.

Desde que voltou ao Brasil, em 2004, trabalhou na coordenação de projetos culturais e na condução de Oficinas de Improvisação e Composição com entidades diversas e em companhias nas quais fez trabalhos coreográficos.

SERVIÇO: Carmen com Balé Teatro Guaíra.

Data: 15 a 17 (quinta a sábado).

Horário: 20h30.

Data: 18 (domingo).

Horário: 18h.

Ingresso: R$ 20,00 (50% nos casos previstos em lei e 50% para Clube Gazeta do Povo. Descontos não cumulativos).

Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão) – Praça Santos Andrade, s/n – Curitiba /PR.