CATIA SEABRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-ministro Gilberto Carvalho defendeu, nesta quarta (18), que o PT celebre um acordo com partidos da base do presidente Michel Temer para a eleição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado caso seja necessário para obtenção de espaço no comando das duas Casas.
Numa carta endereçada aos petistas, Carvalho recomendou que os congressistas do partido priorizem o apoio a um candidato de oposição, desde que esteja garantida presença na direção do Congresso.
“Se, finalmente, formos colocados ante uma inevitável disjuntiva, ou vota-se numa das candidaturas ou estaremos excluídos dos principais espaços, não tenho receio em opinar que devemos sim negociar com altivez, coletivamente, não apenas para assegurar os espaços, como para obter compromissos definitivos dos novos presidentes com a tomada de medidas que restabeleçam o funcionamento democrático das Casas e o retorno do acesso legítimo do povo”, afirmou.
Ministro dos governos Lula e Dilma, o hoje assessor da bancada de oposição do Senado chamou de “essencial” a ocupação de espaço no Congresso.
Sob o título “As difíceis encruzilhadas da vida”, Carvalho afirma que a imprensa divide os petistas entre “principistas” e “aqueles que estão loucos para ocupar boquinhas e nomear companheiros desempregados pelo golpe e pelas prefeituras perdidas”.
“Não há caminho bom para nós na opinião publicada, que contamina, de maneira muito forte, nossa militância.”
Dizendo-se com a “mão no formigueiro”, Carvalho admite ter mudado de opinião acerca das eleições no Congresso.
E insiste: “É preciso ter claro que, perdido o Executivo, o Parlamento é a esfera de atuação institucional que nos resta no plano nacional”.
Ele afirma ainda que a situação é grave demais para que se dividam entre “principistas” e “oportunistas” e para que brinquem de “divisão de espaços para satisfazer egos ou interesses de grupos”.
Amigo de Lula, o ex-ministro faz um apelo: “Vamos realizar o debate dos próximos dias sem posições pré-definidas, definitivas, e vamos evitar alimentar a imprensa com informações ou ‘impressões’ que servem apenas para que eles explorem nossa divisão e fragilidade”.