Pensei em falar do bom início do Paraná na temporada, do preocupante começo do Coritiba ou até das campanhas relativamente surpreendentes de Prudentópolis e PSTC no Paranaense. Até mesmo da estreia dos paranaenses na Copa do Brasil. Mas seria no mínimo um desrespeito não falar mais uma vez do Atlético. A importância do jogo desta quarta contra o Millonarios se sobrepõe a qualquer outro tipo de disputa menor em potencial esportivo/financeiro e histórico.

Antes mesmo de a bola rolar é possível imaginar uma série de cenários para este confronto, mas poucas não mostram o Furacão classificado. Mas porque essa certeza de que a classificação virá? Porque sim, oras. Vai ganhar e pronto. Vaga garantida e um degrau a menos na caminhada. A maioria dos torcedores também.

Nós podemos achar qualquer coisa, inclusive que a vitória pode ser por goleada, com aquele futebol de qualidade inquestionável, e requintes de beleza, de uma apresentação histórica. Uma eliminação não se cogita. A vantagem é rubro-negra.

Mas e os jogadores? E o time atleticano? Eles também acham isso? Também têm essa certeza? É aí que a coisa complica.
Nos dois jogos oficiais de 2017 – amistoso contra o Peñarol e o primeiro jogo contra o Millonarios, na semana passada – o time não mostrou um futebol que possa realmente retribuir esta confiança exagerada que vem das arquibancadas. Pernas pesadas, falta de entrosamento e uma postura tática ainda mal firmada. Tudo dentro da normalidade de um início de trabalho.

Os resultados até certo ponto normais criaram mais apreensão do que confiança, mais preocupação do que empolgação. Mais verdade do que ilusão. E a ilusão pode até entrar em campo, mas não toma uma chuveirada pós-partida nos vestiários de nenhum estádio.

Na frieza dos números o Atlético entra em campo classificado. A vantagem obtida na primeira partida, apesar de mínima, é VANTAGEM. Qualquer empate garante o Rubro-Negro na fase 2 do torneio. Como as equipes se equivalem, não é loucura imaginar que usando a inteligência o Furacão volta classificado. Por outro lado, uma eliminação precoce não vai representar o fim do mundo, o fracasso do projeto. É do jogo, é da vida.

Reforçado por Nikão, ausente no primeiro jogo, o time entra em campo pressionado pelo ano do futebol. A pressão dessa vez não vem da imprensa ou mesmo (só) da arquibancada. É da própria diretoria, que traçou um planejamento para o grupo considerando no mínimo a participação do time na fase de grupos. Serão R$ 8 milhões se o Furacão conseguir chegar até lá.
O jogo desta quarta também pode ajudar o Atlético a pôr fim ou mesmo diminuir a relevância do argumento utilizado por rivais e adversários de que todo o bom momento vivido pelo time é resultado da vantagem obtida pela utilização do gramado artificial. No ano passado foi a campanha em casa que levou o Furacão à Libertadores, ao passo que o desempenho fora, em gramados normais, foi desastroso. Num jogo dessa importância, a atuação do Atlético como time pode calar a boca de muitos ou contribuir ainda mais para o crescimento desta polêmica.

Independente de qualquer coisa é Libertadores. E esse pequeno detalhe faz a diferença para colocar a importância dessa partida e o Atlético em outro patamar. Os sonhos de curto prazo de uma nação de torcedores estarão em jogo logo mais, na Colômbia, terra onde o futebol ganhou novo sentido recentemente. Que os novos anjos da bola abençoem o Furacão em seu sonho Mundial.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário – [email protected]