RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Todo ano é assim: o que entra no noticiário vira fantasia de Carnaval. Nos últimos carnavais, desfilaram pelas ruas o mosquito Aedes aegypti, os ex-presidentes Lula e Dilma e Nestor Cerveró, por exemplo. Já era de se esperar, portanto, que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, e o empresário Eike Batista não passassem ilesos pelo Carnaval de 2017.

Um camelô da zona sul do Rio já está vendendo cópias do uniforme que o casal e o empresário, que estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu, utilizam no cárcere. O vendedor, Cláudio Alberto, 53, disse que a ideia foi sua e que costuma pautar suas vendas no noticiário. Quando caiu o avião que levava a equipe da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana na Colômbia, por exemplo, começou a vender camisas do time.

“Quando o Eike foi preso, pensei na hora, ‘isso vai ser uma loucura no Carnaval”, afirmou. Pedestres compraram cerca de 200 exemplares em menos de uma semana, e ele disse que há encomendas. A camiseta que mais sai, conta Alberto, é a de Cabral. “As pessoas dizem que ele está merecendo mais. Não esperavam que ele tivesse roubado tanto dinheiro”, disse ele.

Preso desde novembro de 2016, Cabral já foi denunciado quatro vezes pelo Ministério Público Federal. É acusado de ter levado propina em grandes obras que aconteceram enquanto estava no cargo. Já Eike Batista é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador, por meio da conta Golden Rock, no TAG Bank do Panamá. Os recursos foram transferidos por meio de um contrato considerado fraudulento de intermediação de venda de uma mina de ouro. Ancelmo é acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O próximo lançamento do vendedor Alberto é uma coleira com a inscrição ‘Eike=pobreza’, referência à fantasia que Luma de Oliveira, ex-mulher do empresário, usou em um desfile de Carnaval.