ALEX SABINO E EDUARDO RODRIGUES, ENVIADOS ESPECIAIS CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – A final tinha 31 minutos quando Rodriguinho puxou Elton. Levou cartão amarelo. Era o terceiro e o suspendeu para o segundo jogo da decisão, no próximo domingo (7), no Itaquerão. “Fiquei triste. Mas coloquei a cabeça no lugar e pensei: eu tenho de fazer algo diferente aqui”, disse o meia. Ele fez. Rodriguinho anotou dois gols, deu passe para outro e deixou o Corinthians muito perto de ser campeão paulista pela 28ª vez na história.

A vitória por 3 a 0 neste domingo (30), no estádio Moisés Lucarelli, significa que a equipe poderá perder por até dois gols de diferença para conquistar o título estadual. Houve um tempo em que o Corinthians queria se livrar de Rodriguinho. Desde 2013, quando chegou ao clube, foi emprestado duas vezes -para Grêmio e Sharjah, dos Emirados Árabes. Não foi a terceira porque Tite não permitiu. Com o desmanche do elenco campeão brasileiro, no ano passado, virou titular.

Cresceu tanto que é uma das principais peças do time atual. “Foi um dia muito especial para mim”, comemorou. Rodriguinho já esteve tão desacreditado quanto Fabio Carille e o próprio Corinthians, considerado a “quarta força” do futebol paulista no início do ano. Prata da casa, o treinador novato anulou todas as jogadas da Ponte Preta. Os donos da casa não tiveram nenhuma chance de realizar a jogada que a fez chegar à decisão: o contra-ataque. A pressão da torcida que lotou o estádio Moisés Lucarelli não fez diferença. A velocidade de Clayson, os deslocamentos de Lucca e a força física de William Pottker foram anulados pelo esquema de Carille.

O Corinthians venceu porque foi impecável na marcação e fez, ironicamente, o adversário sofrer com os contragolpes. Fechado na defesa e com Jô aberto pela direita, nas costas de Reynaldo, os visitantes dominaram o 1º tempo e abriram o placar quando Rodriguinho chutou pelo alto ao receber passe livre, dentro da área. O meia comandava um time que sabia o que fazia em campo. O plano funcionou à perfeição.

A estratégia de Gilson Kleina deu errado, do começo ao fim. As bolas eram cruzadas na área e afastadas sem dificuldades por Pablo e Balbuena. Principal referência ofensiva da Ponte, Pottker atuava aberto pelas laterais e e não ameaçava a zaga corintiana. Nem com a desvantagem no placar a tática foi alterada. Cada vez que a torcida da casa ameaçava se empolgar para empurrar a equipe ao ataque, o Corinthians respondia. E esta resposta era mortal. No começo do segundo tempo, quando o público cantava o hino e gritava que a “Macaca” (apelido da Ponte) era a “razão da minha vida”, Rodriguinho arrancou, levou todo o sistema de marcação rival e serviu a bola para Jadson fazer o segundo.

O clube de Campinas vivia de jogadas individuais. O Corinthians tinha isso também, especialmente quando Rodriguinho aparecia, mas aliava o brilhantismo do meia ao conjunto, uma máquina defensiva azeitada, que sofreu apenas dez gols em 17 partidas no torneio. No fim, Rodriguinho ainda achou espaço para fazer mais um gol, de cabeça.

PONTE PRETA Aranha; Nino Paraíba, Fábio Ferreira, Yago e Reynaldo (Artur); Fernando Bob, Elton e Jadson (Renato Cajá); Lucca, William Pottker e Clayson. Técnico: Gilson Kleina

CORINTHIANS Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel (Paulo Roberto), Maycon (Camacho): Jadson (Clayton), Rodriguinho e Romero; Jô. Técnico: Fábio Carille

Estádio: Moisés Lucarelli, em Campinas, SP Juis: Raphael Claus (SP)Gols: Rodriguinho (COR), 13min/1º T (0-1), Jadson (COR), 14min/2ºT (0-2), Rodriguinho (COR), 35min/2ºT(0-3)