SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, discutiu temas relacionados à campanha do republicano Donald Trump com o embaixador russo em Washington, informou o jornal “Washington Post”.
O jornal cita membros do governo atual e do anterior, que tiveram acesso a relatórios do diplomata Sergei Kislyak sobre seus encontros com Sessions, então assessor de Trump, enviados a seus chefes em Moscou e interceptados pelo serviço de inteligência dos EUA -que monitora comunicações de membros do alto escalão russo nos dois países.
Um dos funcionários do governo anterior disse ao jornal que as conversas incluíram temas como as posições de Trump sobre assuntos relacionados à Rússia e prospectos da relação bilateral entre os países sob uma eventual presidência do republicano.
O jornal ressalva, contudo, que a informação vem unicamente do relato de Kislyak sobre as conversas e que o embaixador russo pode ter exagerado ou mesmo mentido sobre o teor da relação com Sessions. A estratégia é comum no setor diplomático para aumentar sua importância diante de seus superiores ou mesmo para confundir o serviço de espionagem americano.
A imprensa americana já havia revelado que Sessions se reunira duas vezes com o embaixador durante a campanha de 2016. Depois disso, o secretário anunciou que estava se afastando da investigação sobre a possível interferência da Rússia nas eleições americanas, em favor do republicano.
Em um depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado em junho, Sessions negou veementemente qualquer conluio com a Rússia e classificou a suposição de “mentirosa e detestável”.
Kislyak relata duas conversas com Sessions, então senador dos EUA e conselheiro de política externa do republicano Donald Trump. O americano não nega as conversas, mas diz que não foram sobre a campanha presidencial americana.
A porta-voz do Departamento de Justiça, Sarah Isgur Flores, disse que Sessions mantém sua versão dos encontros.
CONFLITO
A pasta que Sessions dirige é a responsável por administrar o FBI (a polícia federal dos EUA), que conduz a investigação sobre o elo da equipe eleitoral de Trump com Moscou.
Com isso, Sessions é o segundo membro do gabinete a ter se encontrado com o embaixador russo antes da posse, em 20 de janeiro. O primeiro foi Michael Flynn, que se reuniu com Kislyak em dezembro, quando Trump era presidente eleito.
Dias depois da revelação, ele deixou seu cargo de conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca por ocultar o conteúdo das conversas com as autoridades de Moscou para o presidente e seu vice, Mike Pence.
Já o secretário de Estado, Rex Tillerson, tinha relações com autoridades e empresários do país enquanto chefiava a petroleira ExxonMobil.
Trump assumiu prometendo se aproximar de Moscou, após o período de maior tensão desde a Guerra Fria. Ele chegou a dizer em uma entrevista que era uma vantagem ter a simpatia de seu colega russo, Vladimir Putin.