O Paquistão expressou nesta terça (22) sua “decepção” com os Estados Unidos e reiterou que não permite o uso do seu território contra outros países, depois que o presidente americano, Donald Trump, advertiu que Islamabad tem “muito a perder” se continuar “abrigando organizações terroristas” dentro das suas fronteiras. A informação é da EFE.

“Pagamos ao Paquistão bilhões de dólares, enquanto eles abrigam os mesmos terroristas que estamos combatendo. Isto tem que mudar e mudará imediatamente”, disse Trump ontem (21), durante um discurso perante dois mil militares em Fort Myer (Virgínia). Ele alertou que a aliança entre os dois países não sobreviverá se o Paquistão continuar com essa postura.

O presidente americano fez estas afirmações durante o anúncio de uma mudança de política no Afeganistão, com um aumento das suas tropas no país.

Decepcionante

“É decepcionante que o comunicado dos Estados Unidos ignore os enormes sacrifícios realizados pelo Paquistão”, indicou o Ministério de Relações Exteriores paquistanês em uma nota emitida 18 horas após o discurso de Trump.

“O Paquistão não permite o uso do seu território contra nenhum país. Ao invés de apoiar-se em falsas narrativas, os EUA precisam trabalhar com o Paquistão para erradicar o terrorismo”, afirmaram as autoridades do país asiático. O ministério apontou ainda que “nenhum outro país” fez mais que o Paquistão na luta contra o terrorismo nem “sofreu mais” pela violência extremista.

A pasta paquistanesa reiterou que a solução ao conflito não é exclusivamente militar, após 16 anos de guerra, e que sua resolução passa por uma negociação política entre os afegãos.

Corte da ajuda

Quase ao mesmo tempo em que a resposta paquistanesa era divulgada, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, afirmou que Washington poderia pressionar Islamabad com um corte da ajuda militar se o governo paquistanês não aplicar “um enfoque diferente” em relação aos talibãs.

Durante anos, Cabul e Washington acusaram Islamabad de dar refúgio a grupos insurgentes no seu território, como a facção dos talibãs da rede Haqqani, que atentam contra tropas afegãs e americanas.

O Paquistão negou reiteradamente que dê cobertura a grupos terroristas ou que diferencie entre “talibãs bons”, aqueles que não representam uma ameaça para o seu país, e “talibãs maus”, que atentam contra o Estado paquistanês.