Mais uma vez os pais terão de refazer as contas para conseguir manter os filhos matriculados nas escolas particulares de Curitiba. Um levantamento feito por uma consultoria apontou reajustes oscilando entre 5% e 8% no valor cobrado pelas escolas particulares do Brasil. No entanto, em pesquisas informais com alguns pais que já receberam o comunicado de escolas de Curitiba, os reajustes são ainda maiores e há casos em que chegam a 10%. Ou seja, os aumentos devem ficar bem acima do valor da inflação para o período que está estimada em 3,8%, segundo o último boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central do Brasil.

Esse reajuste acima da inflação tem sido uma tendência dos últimos anos. Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), isso tem ocorrido desde 2013. Naquele ano, a inflação do curitibano ficou em 6,17% (IPC-Ipardes) e o reajuste das mensalidades oscilaram entre 2,65% (Pós-graduação), 8,34% (Ensino Fundamental), 8,45% (Ensino Médio) e 8,73% (Ensino Superior).

Neste ano, considerando os valores das mensalidades aplicados de 2016 para 2017, os reajustes devem fechar bem acima da inflação, estimada em 3,8%. Ainda de acordo com o IPC-Ipardes, o Ensino Fundamental teve reajuste de 10,79%, Ensino Médio 10,61%, Ensino Superior 8,70% e Pós de 10,59%. Vale ressaltar que o IPC-Ipardes mede apenas a evolução dos preços do mercado de Curitiba. Se considerar o índice oficial da inflação, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IPC-A do IBGE), os preços apresentaram reajuste de 5, 91% em 2013.

Segundo Marcelo Antonio, coordenador do IPC e chefe do Núcleo de Pesquisas Periódicas do Ipardes, o aumento de preços das escolas não tem como base apenas inflação. A planilha considera o reajuste do preços da água, luz e equipamentos eletrônicos (como tablets, celulares, computadores e outros necessários ao aprendizado). Por isso, nem sempre os aumentos do preço das mensalidades acompanham apenas o índice da inflação que é uma média ponderada de todos os preços pagos por produtos e serviços em geral, explica.

Antonio ressalta ainda que em função da crise econômica dos últimos três anos houve uma retração no número de matrículas escolares. Segundo os últimos dados do Censo Escolar divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação e Cultural (MEC), em Curitiba, 31,2% dos alunos estavam matriculados em escolas particulares em 2016. Neste mesmo período foram percebidas retração no número de matrículas na Educação Infantil (-05%) e Ensino Médio (-5,5%). Apenas no Ensino Fundamental houve avanço (1%).

Vale lembrar que a legislação determina que toda instituição de ensino tenha uma planilha de custos para comprovar o índice de reajuste das anuidades escolares. Escolas são obrigadas por Lei a comprovar o reajuste todo ano e devem apresentar aos pais antes de aplicar o reajuste. Procurado pela reportagem o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), por meio de nota, informa que, por Lei, a entidade não pode sinalizar índices de reajuste nas mensalidades escolares para o ano subsequente. Cada estabelecimento de ensino tem a liberdade de estabelecer o reajuste para o ano de 2018.

Reajuste das mensalidades escolares(*)

Nível

2013/Inflação

2014/inflação

2015/inflação

2016/inflação

2017 (**)/
inflação (***)

Ensino fundamental

8,34%/6,17%

8,61%/6,06%

9,6%/7,70%

9,56%/5,41%

10,79%/3,8%

Ensino Médio

8,45%/6,17%

7,82%/6,06%

9,79%/10,70%

8,73%/5,41%

10,61%/3,8%

Ensino Superior

8,73%/6,17%

9,04%/6,06%

8,31%/10,70%

11,96%/5,41%

8,70%/3,8%

Pós-graduação

2,65%/6,17%

5,08%/6,06%

8,36%/10,70%

9,63%/5,41%

10,59%/3,8%

(*) IPC-Ipardes – Faixa de renda de 1 a 40 salários mínimos
(**) Resultado até a primeira quadrissemana de setembro
(***) Estimativa Focus/Banco Central