SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Corte de Apelação de Kiev, na Ucrânia, revogou a condenação do brasileiro Rafael Lusvarghi, acusado de terrorismo por ter supostamente lutado ao lado de grupos separatistas, e ordenou que ele passasse por um novo julgamento. A revogação ocorreu em 17 de agosto, e foi dado um prazo de dois meses para novas investigações, segundo informações do jornal ucraniano “Kyiv Post”. O prazo termina neste mês. Durante esse período, o brasileiro permaneceu detido. A corte acatou os argumentos da defesa de Lusvarghi de que o julgamento original havia se baseado apenas em sua admissão de culpa, sem levar em consideração sua alegação de que essa admissão teria sido obtida mediante uso de força. O corte considerou ainda que exames médicos deveriam ter sido realizados diante da denúncia de Lusvarghi de que havia sido torturado. Também não teria havido a coleta de evidências, e os audiências jurídicas teriam ocorrido em língua que o acusado desconhecia, sem tradução, segundo o “Kyiv Post”. Lusvarghi foi condenado a 13 anos de prisão. Ele foi preso em outubro de 2016 no aeroporto de Borispol, perto de Kiev, pelo Serviço de Segurança da Ucrânia, que o acusou de formação de grupo terrorista. As autoridades dizem ter apreendido com ele um passaporte estrangeiro, um laptop com conversas com grupos terroristas e uma medalha por combate. O momento da prisão foi filmado pelo Serviço de Segurança. Em junho de 2014, Lusvarghi ficou preso por 45 dias após participar de um protesto em São Paulo contra a Copa do Mundo no Brasil. Na ocasião, ele disse em entrevista à Folha de S.Paulo que iria para a Ucrânia “o mais breve possível”. “Eles precisam de mim lá.”