ROGÉRIO PAGNAN, MARINA ESTARQUE E FABRÍCIO LOBEL SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sob gritos de “Aleluia” e pedidos de “pena de morte”, familiares velaram na manhã desta sexta-feira (20) as duas meninas de 3 anos encontradas mortas dentro de uma picape na zona leste de São Paulo. Os gritos das famílias no cemitério da Saudade, em São Miguel no extremo leste da cidade, ocorreu no momento em que ficaram sabendo da notícia de que a Polícia Civil de São Paulo havia prendido dois suspeitos, um deles confessou o crime. O cemitério estava lotado, com familiares, amigos e vizinhos das meninas segurando flores e cartazes nas mãos. As meninas foram veladas em caixão lacrado.

PRISÃO

A Polícia Civil de SP prendeu nesta sexta-feira (20) dois homens suspeitos pela morte das duas meninas de três anos encontradas no compartimento de carga de uma picape no último dia 12, na favela Jardim Lapena, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Um deles confessou o crime, segundo a polícia, e teria delatado o segundo suspeito.

Segundo o DHPP (Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, os dois suspeitos são os mesmos homens que haviam sido identificados por moradores do bairro como suspeitos do crime. Os dois chegaram a ser torturados por traficantes.

Agora, após a divulgação do resultado de exames feitos pelo IML, a polícia efetuou a prisão temporária de Marcelo de Souza e de Everaldo Santos. A notícia da prisão dos dois homens surgiu no momento em que as famílias das meninas se reuniam no cemitério da Saudade, em São Miguel, para sepultar seus corpos. Houve forte comoção entre os presentes no momento em que surgiram as primeiras informações sobre a prisão dos suspeitos pelo crime.

O CRIME

Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto, ambas de três anos, estavam desaparecidas desde 24 de setembro. Os corpos das crianças foram localizados no dia 12, quando moradores comemoravam o Dia das Crianças com um almoço. Um homem resolveu averiguar um cheiro forte vindo de um terreno, onde uma pick-up Fiorino estava escondida havia pelo menos dois meses, conforme relato dos vizinhos. O veículo havia sido roubado neste ano.

Quando localizados, os corpos já estavam em avançado estado de decomposição. As famílias reconheceram inicialmente parte das roupas encontradas, e a confirmação veio nesta semana com os exames de DNA. As duas meninas estavam caídas de barriga para cima no compartimento de carga, que é fechado. Uma das vítimas vestia apenas uma calça azul, e a outra, um vestido branco.

A perícia achou no interior do veículo alguns objetos, entre eles um rádio comunicador e uma touca preta. Elas moravam a cerca de cem metros do local onde o carro foi achado: um pequeno terreno com cerca de três metros de frente, fincado entre um aglomerado de casas na favela, a 30 km do centro de São Paulo. Uma semana antes de elas serem encontradas, segundo vizinhos, policiais estiveram na região com cães farejadores, mas eles foram para outra parte da favela.