Um professor de história agredido após dar uma bronca num aluno de 1º ano do ensino médio numa escola estadual da Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba. Um diretor de uma escola de Ubiratã, no oeste do estado, que levou socos e foi empurrado escada abaixo por quatro adolescentes após pedir para que eles se retirassem do pátio. Em Goioerê, no noroeste do Paraná, um professor levou socos e chutes por ter advertido um aluno que não prestava atenção na aula e também não fazia as atividades propostas para sala.
Episódios assim são frequentes em escolas do Paraná. É o que revelam dados do questionário da Prova Brasil 2015, aplicado a diretores, alunos e docentes do 5º e do 9º anos do ensino fundamental de todo o País.
Drogas ilícitas, álcool, armas brancas, armas de fogo, agressões entre alunos, ameaças contra professores e até mesmo atentados contra a vida deses profissionais fazem parte da realidade escolar no Estado. 9,9 mil professores (55% do total) relataram já terem sido vítimas de agressões físicas ou verbais, além de 300 (1,7%) disseram já terem sido vítimas de atentado à vida e 1.641 (9%) contaram terem sido ameaçados por algum aluno.
A violência, porém, não é apenas contra docentes. É que o estudo revela ainda que 73,9% dos alunos já foram vítimas de agressões físicas ou verbais por parte de colegas.
Mas não para por aí. É que mais de 1,1 mil professores disseram já ter visto alunos frequentando a escola portando armas brancas, como facas e canivetes, e 224 (1,2%) relataram casos de estudantes com arma de fogo.
Segundo o pesquisador Ernesto Faria, da Fundação Lemann, muitos desses conflitos vêm de fora da escola. “O desafio não é tão simples porque a violência, muitas vezes, não está ligada à escola, mas a problemas locais na região. É importante não pensar a escola como uma caixinha sozinha. A escola vai ter que envolver a comunidade e pensar que tipo de parceria deve haver”, diz.
Ao todo, 18,1 mil professores responderam aos questionários. De acordo com o pesquisador, embora, porcentualmente, os índices de violência não sejam tão altos, quando olhados em números, são preocupantes. “Temos que olhar o quanto o ambiente escolar é agradável, a relação de professores e alunos. Temos que pensar em gestão em sala de aula, disciplina, o trabalho com habilidades socioemocionais.”

PM destaca atuação da Patrulha Escolar
De acordo com o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), de janeiro a agosto de 2017, 97,6% de atendimento foram referentes a atividades preventivas, que incluem mediação de conflitos e palestras educativas, e apenas 2% refere-se a situações que resultaram na confecção de Boletim de Ocorrência (situação que demanda serviço policial realmente).
Ainda segundo o Batalhão, os policiais militares atuam em conjunto com o corpo pedagógico das escolas e fazem palestras preventivas sobre diversos temas. Nos casos de ocorrências as equipes do BPEC elaboram atividades interativas com a turma ou com todos os alunos do colégio para tratar das condutas e comportamentos que geraram o conflito.
Por último, destaca ainda que o BPEC há nove anos atua na prevenção da violência no âmbito escolar com crianças e adolescentes e em ações ostensivas e educacionais em todo o estado, trabalhando atualmente com dois programas: Patrulha Escolar Comunitária (PEC) e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD).

Sinais de depredação atingem quase 100% das instituições
As marcas da violência em escolas não estão apenas nos corpos e lembranças de professores e alunos. No Paraná, 94,3% das instituições de ensino apresentam sinais de depredação, sendo que mais da metade (52,7%) apresentam muitos vidros, portas e janelas quebradas, lâmpadas estouradas, e etc.
A sociedade está mais violenta. Ir para uma escola suja, quebrada, não aprender o que deveria, isso também é violência, afirma Roberta Panico, coordenadora executiva da Cedac (Comunidade Educativa).
alunos durante uma reunião escolar. O motivo? Os pais questionaram o docente quanto as notas baixas dos filhos, enquanto o professor respondeu que eles também eram responsáveis por não acompanharem a vida escolar dos alunos.

 

Situações de violência na escola
Agressão verbal ou física de alunos a professores ou funcionários da escola
Sim 9.906 (54,6%)
Não 8.079 (44,5%)
Branco/Nulo 155 (0,9%)

Agressão verbal ou física de alunos a outros alunos da escola
Sim 13.408 (73,9%)
Não 4.556 (25,1%)
Branco/Nulo 176 (1,0%)

Alunos frequentaram a escola portando arma branca (facas, canivetes etc)
Sim 1.155 (6,4%)
Não 16.820 (92,7%)
Branco/Nulo 165 (0,9%)

Alunos frequentaram a escola portando arma de fogo
Sim 224 (1,2%)
Não 17.745 (97,8%)
Branco/Nulo 171 (0,9%)