SÉRGIO RANGEL RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A intervenção federal no Rio de Janeiro entrou, nesta quinta-feira (22), em uma nova fase. O Exército estendeu sua atuação para fora da capital fluminense e faz uma operação desde as primeiras horas do dia na cidade turística de Angra dos Reis, na região dos Lagos. O plano, conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, é combater o tráfico de drogas e restabelecer a capacidade operativa das polícias Civil e Militar. Angra foi a primeira escolhida porque enfrenta uma explosão nos casos de violência. Os militares ainda pretendem chegar às cidades de Paraty, no litoral sul, Niterói e São Gonçalo, na região metropolitana, e nos municípios da Baixada Fluminense. Essas áreas são consideradas importantes porque foram justamente os locais para onde o tráfico de drogas expandiu seus territórios em reação ao projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que ocupou favelas na capital anos atrás. Em Angra, a ação está concentrada na Comunidade do Frade. Segundo o CML (Comando Militar do Leste), a operação envolve cerco, estabilização da área e desobstrução de vias. A disputa entre facções pelo controle de comunidades da cidade fez mais do que dobrar o índice de letalidade violenta de 2012, no auge do projeto das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), a 2017. Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), no ano passado a cidade teve 113 ocorrências, contra 51 cinco anos antes. Em fevereiro, operação do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) da PM na comunidade do Frade terminou com oito mortos. A operação ocorre sob a intervenção federal na segurança pública do estado. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB. Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto, que atua como chefe das forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando. VILA KENNEDY O Exército também realiza uma operação na Vila Kennedy. Nas duas ações, são empregados 1.382 militares das Forças Armadas, 270 policiais militares, 50 policiais civis e 19 agentes da Polícia Rodoviária Federal com apoio de blindados. Nesta quarta (21), três policiais militares foram mortos no estado do Rio. Um sargento na Baixada Fluminense, um cabo na região dos Lagos (este, durante a folga) e um policial identificado como Felipe Santos de Mesquita na Rocinha. Na comunidade da zona sul do Rio, um morador também foi morto no confronto entre traficantes e policiais na noite de quarta. Antonio Ferreira da Silva, conhecido como Marechal, foi baleado numa passarela na Rocinha.