Com um mercado de trabalho escasso, os brasileiros têm buscado diferentes oportunidades para se manterem empregados. Milhares de pessoas têm sofrido com demissões enquanto outras milhares buscam uma oportunidade com o primeiro emprego. Por isso, muitas vezes é preciso se adaptar a situações inusitadas e é aí que surgem diversas histórias interessantes, como pais e filhos trabalhando lado a lado.

Para a Coordenadora do curso de Psicologia do UniBrasil Centro Universitário, Graciela Sanjutá Soares Faria, o estabelecimento de uma comunicação assertiva desde o ambiente familiar até o contexto organizacional é fundamental. “Quanto mais pais e filhos estiverem avançados no processo de autoconhecimento, reconhecerem seus limites e saberem de suas forças no ambiente profissional, mais fácil vai ser lidar e reconhecer os próprios erros, o que é fundamental”, comenta.

Reconhecido como um dos maiores empregadores do Brasil, o McDonald´s dá oportunidades para jovens em busca do primeiro emprego e para pessoas mais velhas, que desejam se recolocar no mercado. Exemplo disso é a história do Pedro Correia Soares e o filho Elivelton Correia Soares, Técnicos de Manutenção de restaurantes McDonald’s em Curitiba. Elivelton começou a trabalhar na rede como atendente, em dezembro de 2009, quando ainda tinha 16 anos, mesmo sem a aprovação total do pai. “Ele queria trabalhar e ganhar o próprio dinheiro, mas eu queria que ele apenas estudasse”, conta Pedro. Mas com o histórico de ser um bom filho, Elivelton convenceu o pai que o trabalho não afetaria os estudos e ainda conseguiu que ele o acompanhasse em sua primeira e bem-sucedida entrevista.

Ainda em 2009, Pedro, que trabalhava há 20 anos como metalúrgico na área de indústrias, acabou sendo demitido e passou a fazer trabalhos temporários. Enquanto isso, Elivelton crescia no McDonald´s, conquistando prêmios e promoções até se tornar Técnico de Manutenção. Além disso, começou a estudar Mecatrônica com uma bolsa concedida pela empresa. Em 2013, surgiu uma nova vaga para a área e Eliveton não teve dúvida: indicou seu pai para o cargo. “Estávamos precisando de alguém com experiência e de confiança, e não conseguia pensar em ninguém melhor que meu pai”, conta orgulhoso.

Pedro foi aprovado na entrevista e há cinco anos pai e filho são companheiros de serviço! Embora trabalhem em restaurantes diferentes, sempre estão em contato tirando dúvidas e ajudando um ao outro. “No começo eu ligava muito pra ele e aprendi demais com o meu menino. Confesso que tenho que agradecer todos os dias pelos filhos que tenho”, conta  Pedro, que já virou o “paizão” dos colegas de trabalho nas setes unidades McDonald’s administradas pelo franqueado Márcio Moreira, em Curitiba. “Ele chegou adotando todo mundo e já é bem mais conhecido que eu”, brinca Márcio.

O bom relacionamento profissional entre Pedro e Elivelton é um exemplo de como diferentes gerações podem somar forças caso trabalhem unidas e abertas ao diálogo. Os objetivos de cada um podem ser distintos, e geralmente são devido às gerações diferentes, e isso precisa ser compreendido e aceito. “Na relação de trabalho, o pai não deve ser visto como uma figura de autoridade, em uma relação vertical. Se for assim, corre-se o risco de gerar ainda mais discórdia. Já sobre o aspecto favorável pode ocorrer, caso haja compreensão e autoconhecimento de cada parte, permitindo o aprimoramento e o desejo de estar um com o outro”, finaliza a psicóloga.

Pai & Filho

Veja algumas dicas da psicóloga para pais e filhos que trabalham na mesma empresa:

  • Investimento no desenvolvimento de pessoas que permita uma melhor comunicação, flexibilidade e compreensão sobre o ambiente e quem está nele inserido;
  • Políticas de recursos humanos que deixem explícitos quais são as relações de interdependência entre os colaboradores e, em situações de divergência, quais serão os mecanismos de solução;
  • Incentivo de acordo de convivência no qual pais e filhos devem saber os limites de cada um, assessorados pela organização;
  • Tendência de mediação de conflitos: um profissional para entender, intermediar e prever os conflitos;
  • Ter um líder direcionador de relações. Isso inclui pai, filho ou qualquer outra pessoa. Quem irá representar a organização no dia a dia é o líder, por isso ele necessita perceber as particularidades sobre o relacionamento de seus colaboradores e prever situações que podem surgir e demandam a atenção dele.

 

Editado por Maximilian Santos
Crédito da foto: Divulgação.