O governador Beto Richa (PSDB) atribuiu a realização de rebeliões no Estado a um “movimento orquestrado”. Ele afirmou também que tanto o presídio de Cruzeiro do Oeste como o de Cascavel tinham sobras de vagas. “Em Cascavel, por exemplo, cerca de 100 vagas estavam ociosas. Eu já pedi investigação da Secretaria de Segurança Pública. A nossa Polícia Civil já está investigando o que está acontecendo nessas rebeliões. Porque me parece que é algo orquestrado três rebeliões seguidas, e já tinha sido ouvido lá em Cascavel que seriam desencadeadas nos próximos dias mais três ou quatro. Nós estamos atentos, a polícia já está em alerta e as investigações acontecendo”, disse.

Os programas eleitorais de Gleisi Hoffmann (PT) e de Roberto Requião (PMDB) trataram de sexta-feira (12) à noite das rebeliões nos presídios do Paraná. Tem tucano que não acredita nas coincidências em pleno momento eleitoral e atenta que o governo Beto Richa (PSDB) passou três anos e meio sem qualquer grave incidente (rebeliões, fugas) nos presídios. “Mas agora está tendo um atrás do outro em menos de um mês”, disse o deputado Ademar Traiano (PSDB). “É incrível. Por que somente agora, em véspera de eleição, as rebeliões acontecem? Quais as forças políticas que estão atuando por trás disso?”, questiona o deputado.

“É claro que elas (rebeliões) têm motivações claramente políticas para atender aqueles que estão sendo rejeitados pela população do Paraná”, adianta Traiano. O tucano desconfia ainda que os programas eleitorais são pautados quase que em tempo real com as rebeliões. Para ele, é estranho que a fita do programa eleitoral tem chegar até às 18h do dia anterior, a rebelião acontece pela manhã ou tarde do outro dia, e o assunto já está no programa à noite. “É muita coincidência, não é?”, pergunta.

Interrompidas às 2 horas da madrugada, as negociações para pôr fim a rebelião na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP 2), na Região Metropolitana de Curitiba, foram retomadas às 7 da manhã deste sábado. 18 presos se rebelaram por volta das 15 horas e, segundo informações não oficiais, o número de reféns teria subido para 12. Quatro deles seriam agentes penitenciários e oito presos de celas invadidas pelos rebelados. As informações não são confirmadas pela Secretaria de Justiça Cidadania e Direitos Humanos (Seju). As negociações com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram retomadas por volta das 7 horas deste sábado (13).

Até as 15h deste sábado, 27 presos já haviam sido transferidos, sendo que a maioria foi para outras unidades dentro do complexo penal de Piraquara e da Região Metropolitana de Curitiba. A Justiça do Paraná aguarda que o Poder Judiciário de outros estados se manifeste a respeito do recebimento de presos, que pediram transferências para esses locais.

Em nota a Secretaria de Justiça afirmou que no mesmo horário que começou a rebelião o Governo do Estado estava reunido e em negociação com o Sindicato dos Agentes Penitenciários, a Secretaria da Segurança Pública informa que a Polícia Militar, por meio do Batalhão de Operações Especiais, permanece com uma equipe de negociação e grupos de ações táticas no local.

“Desde as primeiras horas da rebelião na PEP II foi constituído o Gabinete de Gestão de Crises na sede da Secretaria da Segurança Pública. A Secretaria da Segurança Pública reitera que não vai admitir atos de barbárie no sistema penitenciário paranaense, sob gestão da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, tendo como finalidade a preservação de vidas e a dignidade de todos, tanto de detentos quanto dos agentes públicos, bem como o restabelecimento da ordem”, diz a nota.