Para quem adora uma polêmica na imprensa, eis a de Barbara Gancia, colunista ácida da Folha de S. Paulo, com Luis Favre, maridão de dona Marta Suplicy que, por acaso, nos dá a honra hoje em Morretes, a bordo do trem de luxo Great Brazil Express (é bem, dona Marta).

A contenda verbal começou com a declaração infeliz da ministra “Relaxa e Goza”, na Espanha, afirmando que, ao menos, no Brasil não há terrorismo. Pois sim. Mas deixemos os protagonistas falarem. É longo, mas vale a pena.

PRIMEIRO, BARBARA GANCIA EM COLUNA PUBLICADA NO DIA 1° DE FEVEREIRO:

Brioche revisitada

Mais uma vez, Marta Suplicy demonstra não ter temperamento ou tino para nos representar no exterior

FAÇO PARTE daquela parcela da população que não sente a menor saudade da Marta Suplicy prefeita de São Paulo. Sempre encarei as eleições como exercício enxadrístico, e mudo meu voto a cada nova estação eleitoral de acordo com os candidatos que se apresentam e o balanço de poder que, imagino, venha a ser o menos danoso.
Fiel a essa proposição, votei em Marta nas eleições municipais de 2000 a fim de vê-la derrubar seu principal concorrente à prefeitura, o ex-prefeito Paulo Maluf.
Ah, se arrependimento matasse! Note, dileto leitor, que, para mim, Maluf não poderia nunca configurar como alternativa de voto, uma vez que, ao longo dos anos, ele parece ter adquirido o tique nervoso de me processar a cada vez que ouso mencionar seu nome (já são coisa de cinco processos formais e outras tantas tentativas de instauração de litígio repudiadas pela Justiça).
Mesmo assim, tenho vontade de arrancar os cabelos e as vestes quando penso que votei em Martaxa. E que passei os últimos dois anos da prefeitura dela engolindo o monóxido de carbono dos veículos desviados da av. Cidade Jardim em direção à minha rua, por conta das obras de um túnel que trouxe zero benefício ao trânsito e ao comércio da minha região.
É por já ter depositado meu voto na urna em proveito de dona Marta (não confundir com o morrote carioca homônimo), que hoje me sinto à vontade para esbravejar: por qué no te callas, Martaxa?
Na quarta-feira, a ministra do Turismo ofendeu a platéia da Feira Internacional de Turismo de Madri com uma reedição dos comentários que havia proferido sobre a crise aérea (“relaxa e goza”).
Ao ser questionada sobre a insegurança que os turistas estrangeiros enfrentam no Brasil, Marta “Comam Brioche” Suplicy, em pleno exercício de má-fé e desinformação contra-atacou dizendo que a violência no Brasil e no resto do mundo civilizado são comparáveis.
Ao dizer que a nossa violência concorre com a de países europeus, mais uma vez, Marta demonstrou não ter temperamento ou tino para representar este Brasilzão de meu Deus no exterior.
Alô, dona Martaxa Relaxa! Não vou nem mesmo me valer de números oficiais, porque isso seria covardia. Proponho o seguinte: a título de comparação, vá ao salão de beleza, vá passear de coletivo ou, quem sabe, vá dar uma banda em algum parque da nossa adorada São Paulo e peça às pessoas que encontrar nesses lugares que discorram sobre os assaltos e a violência generalizada que já sofreram ou que já viram algum familiar ou conhecido sofrer.
Depois, sempre à título de comparação, faça a mesma coisa em Madri, Barcelona, Sevilha ou Torremolinos, na Espanha, o país que a ilustre ministra, como nossa representante oficial, insultou sem nenhum motivo aparente ou, quiçá, puramente por descontrole emocional.
Ao final da experiência, compare o que brasucas e espanhóis têm a dizer e, conselho meu: ligue correndo ao rei Juan Carlos pedindo desculpas.

AGORA A SEGUNDA COLUNA DE BARBARA, PUBLICADA EM 8 DE FEVEREIRO

A ira do senhor Wermus

Quem não inveja uma mulher como Marta Suplicy, que tem um marido que a defende com unhas e dentes?

O DILETO LEITOR por acaso sabia que o atual marido de Marta Suplicy, Luis Favre, mantém um blog na internet? Pois é, até ontem, eu também não. Tomei conhecimento de que Favre escrevinha na última quarta-feira e descobri, pasme, que ele não vai com a minha cara. E que isso não é de hoje.
Nas outras vezes em que o marido da ministra mencionou meu nome em seu desconhecido blog, a crítica não teve a menor repercussão. Tanto é que eu nunca fiquei sabendo.
Mas, nestes dias, um leitor ofendido citou o blog do senhor Felipe Belisário Wermus em mensagem ao ombudsman que manifestava descontentamento com minha coluna da semana passada.
Para quem não leu o que escrevi, um pequeno resumo: em feira de turismo na Espanha, a ministra Marta misturou alhos com bugalhos para defender o Brasil e acabou ofendendo gratuitamente o país anfitrião.
Minha coluna de sexta passada condenava (com alguma dureza, admito) a atitude da ministra. Em vez de debater as idéias contidas no meu texto, o senhor Favre resolveu partir para o ataque tentando atingir meu fígado. E sugeriu que tenho o “rabo preso” com o tucanato.
Como é a segunda vez que alguém ligado a Marta Suplicy faz essa afirmação, e como eu sou uma pessoa um tanto detalhista, vou pedir que ele explique na Justiça o que isso significa. Será que “rabo preso” quer dizer que recebo dinheiro do PSDB para falar o que penso? Nesse caso, o senhor Favre terá de provar o que está dizendo e eu vou me divertir muito vendo-o tentar fazer isso.
É bem comum do modo de agir de certos petistas e seus aliados fundamentalistas usar desse tipo de artimanha para invalidar as críticas que lhes são feitas.
A Barbara Gancia contestou Marta Suplicy? A colunista bateu duro na ministra por ela ter feito uso de uma falácia ao comparar coisas desiguais, como o ataque terrorista sofrido pela Espanha e a violência no Brasil? Então vamos desqualificá-la, vamos jogar sua honra na lama para desviar o foco.
A tática é burralda e tem prazo de validade limitado. Quero ver, nos tribunais, Favre estabelecer um laço meu com os tucanos, a direita ou com qualquer movimento ideológico ou partidário.
O marido da ministra também afirma em seu blog semiclandestino que sou desbocada e que “vomito” regulamente no jornal Folha de S.Paulo. Engraçados esses comentários vindos de alguém que convive com Marta Suplicy, não é mesmo? Admito que posso ser um tanto inconveniente, mas, nesse caso, dona Martaxa Relaxa é o quê?
Diz também o senhor Luis Favre (ou Felipe Belisário Wermus, nunca sei como me referir a ele) que tenho “ódio” e “inveja” de Marta Suplicy. Não tenho ódio, não, isso é coisa da esquerda maniqueísta.
Apesar de minhas eventuais críticas, acho a figura de Marta simpática, controvertida, moderna e menos perniciosa à vida pública do país do que tantos vilões de verdade que andam por aí.
Até daria uma nota seis à sua administração em São Paulo, a despeito do túnel inútil que ela mandou construir quase na porta da minha casa.
Quanto à inveja, Favre pode estar certo. Quem não inveja uma mulher que tem um marido que a defende com unhas e dentes?
Alô, senhor Favre! Nos vemos então nos tribunais. Até breve.

E, POR FIM, A RÉPLICA DO MARIDÃO DA DONA MARTA, PUBLICADA HOJE NA SEÇÃO TENDÊNCIAS & DEBATES

Barbara Gancia quer me calar

LUIS FAVRE

Ela, que se serve do poder de fogo da grande mídia para tentar destruir reputações, não tolera ser contestada com a mesma arma que usa

BARBARA GANCIA quer me calar.
Ela usa seu espaço neste jornal para me ameaçar de um processo e tentar colocar uma mordaça nos que recusam sua prepotência e seus insultos.
Ela está descontrolada porque, em resposta a um artigo cheio de prepotência, arrogância e insultos, ousei escrever no meu blog, no artigo “Latem, Sancho, sinal que cavalgamos” (http://blogdofavre.ig.com.br) o que ela não quer ouvir e que vou repetir: “2007 foi o melhor ano da história do turismo no Brasil. Apesar de todos os problemas, particularmente o da valorização do real, mas também a quebra da Varig e os atrasos nos aeroportos, o fluxo do dinheiro em divisas deixado pelos turistas no Brasil bateu todos os recordes. Imagino como seria se alguns dos articulistas antipetistas, esses de “rabo preso” com o tucanato e alérgicos a operário metalúrgico presidente, fossem ministros do Turismo e falassem, aqui e lá fora, as sandices que aqui escrevem”.
Ela, que tanto esbraveja, não gostou do “rabo preso”. Ela tampouco gostou de que eu acrescentasse: “Se ela ministra fosse (mas por enquanto esse risco o Brasil não corre), ela iria dizer nos foros internacionais o que ela e uma parte da mídia repetem incansavelmente, mas que, como mostram as pesquisas, o povo não compra. A saber: que o país vive um apagão aéreo, dobrado de um apagão elétrico. Que sofremos uma epidemia de febre amarela, mas que não adianta vir vacinado pois os turistas vão enfrentar taxas de homicídios de outro planeta. Que, salvo a cidade de São Paulo, cidade limpa, como todos sabem, onde a taxa de homicídios (particularmente nos Jardins, Pinheiros e a rua de Barbara Gancia) é a mesma de Paris, melhor se abster de circular no resto de nosso paraíso tropical.”
Ao contrário dessa torcida do contra, a ministra do Turismo calmamente explicou em Madri que não há epidemia de febre amarela e que somente as pessoas que forem para regiões de risco devem ser vacinadas. Disse também que os problemas encontrados com o tráfego aéreo estão em vias de solução, mas que não são piores que os enfrentados pelos aeroportos de Londres ou pelo JFK em Nova York. Afirmou também que, se é verdade que a violência existe, pelo menos no Brasil não há terrorismo, nem ameaças desse tipo, como ocorre na França, na Inglaterra e na Espanha, por exemplo. Que aqui não há terremotos nem tsunamis. Resumindo, defendeu o Brasil e mostrou que vale a pena visitá-lo e conhecê-lo.
Nada diferente do que disse, por exemplo, o “Valor Econômico”: “Os espanhóis têm procurado mais a costa brasileira por dois fatores: o primeiro deles, segundo fontes do setor, é a saturação do turismo no litoral sul da Espanha. Outro fator é que o atentado terrorista do 11 de Setembro nos Estados Unidos e o tsunami na Tailândia acabaram tornando a costa brasileira mais atrativa e segura para turistas estrangeiros, sobretudo o europeu”. (1º/2/2008).
Tampouco muito diferente do que, sobre a “epidemia”de febre amarela, afirmou o próprio ombudsman da Folha: “Acontece que desde 1942 não se conhece no Brasil transmissão de febre amarela em reduto urbano. A informação foi veiculada, mas o tom predominante, mostram os títulos da capa, foi o de escalada”. (27/1/2008).
Mas quando falta a razão, sobram os impropérios. A irritação e a contrariedade de alguns se entende, pois mesmo com suas penas servindo os que procuram desmoralizar o governo e promover o ódio e a rejeição de suas figuras mais populares, a avaliação majoritária da população é que o Brasil está no caminho certo.
Por isso, Barbara Gancia quer me calar com um processo e assim cercear meu direito à liberdade de expressão e de opinião. Ela, que se serve do poder de fogo da grande mídia para tentar destruir reputações, colar etiquetas e adjetivos pejorativos contra uns, obsequiosos para outros, não tolera ser contestada com a mesma arma que ela invoca para realizar sua tarefa política: minha liberdade de opinião e de expressão.
Solicitei à Folha de S.Paulo o direito de responder no mesmo espaço onde fui atacado e ameaçado, permitindo que o despropósito da jornalista seja respondido. A Folha aceitou meu pedido e está de parabéns.