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Intenção da Fiep é reunir frequentemente os diferentes atores para buscar soluções (Fotos: Gelson Bampi)

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio do Conselho Temático de Negócios Internacionais, promoveu, na tarde desta quarta-feira (3), em Curitiba, uma reunião propositiva para buscar soluções relacionadas às operações no sistema portuário do Estado e da região Sul. Estiveram presentes executivos de indústrias usuárias do sistema, além de representantes de terminais portuários do Paraná e de Santa Catarina e de órgãos públicos envolvidos em processos de exportação e importação, como Receita Federal, Ibama, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

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O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, que participou da reunião, destacou que a economia e as exportações paranaenses vêm crescendo significativamente ano a ano, demandando investimentos e melhorias em toda a cadeia logística. “O Paraná tem crescido mais do que a China, com um índice de crescimento acima de 7%, e a maior parte desse crescimento vem da industrialização, vem da indústria do agro, da indústria madeireira, da indústria extrativista. Para escoamento dessa produção, é de extrema importância uma conexão eficiente entre rodovias, ferrovias e a área portuária”, disse.

Por isso, a partir deste primeiro encontro, a intenção da Fiep é reunir frequentemente os diferentes atores dessa cadeia para buscar soluções que aprimorem a infraestrutura de transportes, especialmente em relação ao sistema portuário. “Iniciamos aqui um exercício de trazer todos à mesa. Este é um ambiente favorável para a gente construir pontes e manter um diálogo permanente”, afirmou Vasconcelos. “Temos uma busca por mercados e não podemos perder oportunidades e clientes por falta de fluidez nos nossos portos ou por falta de alinhamento entre o setor produtivo e todos os atores portuários. Para isso, precisamos ser propositivos, pensando também em médio e longo prazo”, completou.

O coordenador do Conselho Temático de Negócios Internacionais, Paulo Roberto Pupo, reforçou que a intenção do debate promovido pela Fiep é justamente reunir empresas e todos os órgãos envolvidos em processos de comércio exterior. “Reunimos todos os atores que atuam para o melhor fluxo das nossas exportações e importações. O objetivo é escutar as dores dos usuários e tentar achar os melhores caminhos possíveis. A situação atual não é boa, vamos discutir isso, mas queremos também abordar um viés de futuro e de investimentos”, declarou. “O que nós precisamos é de fluidez, escoar os nossos produtos, o que dá uma diferença direta na nossa competitividade”, acrescentou.

Visão dos usuários
Durante a reunião na Fiep, representantes de empresas exportadoras fizeram uma análise sobre o panorama atual do sistema portuário do Paraná e estados vizinhos, destacando alguns dos principais gargalos enfrentados. Entre eles, Daniel Kokot, gerente comercial e de logística da Berneck, indústria do setor madeireiro com matriz em Araucária.

Hoje, a principal questão que a empresa enfrenta nos portos é a ausência de uma retroárea para movimentar as cargas. E, quando as mercadorias chegam ao porto, não é possível prever em qual navio e em que prazo será embarcada. “É quase impossível liberar contêiners da forma como os operadores portuários planejam. Não conseguimos cumprir prazos e acumulamos prejuízos por não conseguirmos efetivar os embarques”, disse. “Precisamos rever processos e tomar novos rumos, principalmente nos portos catarinenses, para que o sistema como um todo não entre em colapso”, completou.

Rodrigo Coelho, gerente do Terminal Portuário da Cotriguaçu, integrado pelas cooperativas C.Vale, Lar, Copacol e Coopavel, proprietária de um terminal de exportações no Porto de Paranaguá, falou de gargalos nos modais ferroviário, rodoviário e portuário. Ele destacou, principalmente, as limitações a que os navios estão sujeitos por conta do rápido assoreamento da baía de Paranaguá, que necessita frequentemente de dragagem para que as embarcações possam atracar no porto.

“Esta questão é muito importante de ser tratada como prioridade porque um porto é a água que ele tem. Os navios que embarcam não podem ser carregados totalmente por conta dessa limitação do calado, o que se transforma em prejuízo”, disse Coelho. “Precisamos de uma dragagem profissional eficiente para aumentar o calado a pelo menos 15 metros para não perdermos ainda mais competitividade”.

Terminais e reguladores
A reunião do Conselho Temático de Negócios Internacionais da Fiep teve, ainda, a participação de executivos de terminais portuários do Paraná e Santa Catarina. Estiveram presentes, pelo Portonave – Porto de Navegantes, o gerente comercial do (SC), Alessandro Zen; pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), o gerente institucional e jurídico, Rafael Stein Santos, e a gerente comercial de armadores, Carolina Brown; e, pelo Porto de Itapoá (SC), o analista de comunicação corporativa e relacionamento institucional, Mario Estevam.

Eles apresentaram a estrutura atual dos respectivos terminais, além de investimentos previstos em equipamentos e expansão para os próximos anos. Também detalharam outras ações que vêm sendo adotadas para aprimorar a fluidez das cargas.

A Fiep também abriu espaço para que representantes de órgãos públicos anuentes ou reguladores dos processos de comércio exterior e da administração portuária apresentassem iniciativas que vêm implantando em suas respectivas áreas. Participaram o superintendente do Mapa, Cleverson Freitas; o auditor fiscal da Receita Federal, Gerson Zanetti Faucz, que responde pela fiscalização do órgão em Paranaguá; e o analista ambiental do Ibama, Antônio Hernandes Torres Junior.

Além disso, os representantes da Antaq, órgão regulador e fiscalizador das atividades portuárias, falaram sobre normas e principais conflitos entre embarcadores, terminais portuários e transportadores marítimos. Pela agência, o assunto foi tratado pelo gerente da regional Sul, Maurício Medeiros de Souza, e pelo gerente substituto da regional Sul, Lucas Sampaio Ataliba.