
No próximo domingo acontece o Grande Prêmio Paraná 2019. Será a 77° edição da prova, que começou a ser realizada em 1942, ainda no Hipódromo do Guabirotuba, onde hoje funciona a Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
E para comemorar a proximidade da principal data do turfe paranaense, vamos publicar uma história muito bonita e determinante para o futuro do Jockey Club do Paraná.
O clube estava sem realizar corridas há 17 meses, quando após uma “batalha campal” para recuperar o Jockey Club do Paraná, a diretoria presidida por Paulo Irineu Pelanda, que continua na gestão até hoje, agora presidida por Roberto Belina, realizava a reunião turfística de reabertura do Hipódromo do Tarumã.
Dezessete de janeiro de 2016
Quem poderia acreditar que uma “simples” reunião turfística mobilizaria tantas pessoas em torno da mesma. Afinal, o Jockey Club do Paraná já havia realizado centenas delas, desde o Prado Jácome, passando pelo Hipódromo do Guabirotuba e por fim o Hipódromo do Tarumã.
Estamos falando de um esporte que na década de 60 rivalizava com o futebol, que “adiava” Atletibas em dias de Grande Prêmio Paraná. Mas que por desmandos e corrupção estava parado há 17 meses.
Era uma euforia só no Hipódromo do Tarumã. Profissionais chegavam antes das seis da manhã para preparar seus cavalos, que começavam a aumentar o número nas cocheiras da Vila Hípica.
Os treinadores olhavam atentos para as chamadas da reunião que estava para acontecer. A Diretoria do clube trabalhava em várias frentes para que a festa realmente fosse de gala e para que todos os detalhes fossem feitos. Tudo para uma festa grandiosa de reabertura.
Os jornais estavam lá durante a semana. Gazeta do Povo e Bem Paraná fotografavam os animais treinando pela manhã. Buscavam entrevistas com profissionais e com o presidente Paulo Pelanda. Enfim, tudo caminhava para um dia histórico no Jockey Club do Paraná.
Dentre as atrações, brinquedos gratuitos infláveis, passeio de pôneis, diversos food trucks espalhados pelo clube, exposição de arte do artista Luiz Antônio Gagliastri, cinco banners contando a história do Jockey desde sua inauguração produzidos pelas irmãs Ângela e Sandra Mara Piotto e muito mais.
Enfim, uma grande festa estava preparada para o público. Na pista seriam oito páreos, contado com animais alojados no Jockey Club do Paraná, no Hipódromo de Uvaranas, no Jockey Club de São Paulo e de algumas canchas retas.
Meio dia em ponto o Jockey Club do Paraná estava aberto. A reunião só começaria às 14h30, porém, muitos chegaram mais cedo para almoçar no Salão Almeida Prado. Caravanas de outros hipódromos chegavam a cada minuto, juntamente com o público, que próximo das 14 horas já lotava as arquibancadas.
Um dia lindo de sol abençoou aquele domingo histórico. Gerson Borges de Macedo, acompanhado por Ricardo Ravagnani e Victor Correia, abriam a jornada na TV Jockey, já que naquele dia as corridas do Tarumã protagonizavam na transmissão do Jockey Club de São Paulo.
Os turfistas mais antigos não continham a emoção. Seus olhos marejavam quando viam o hipódromo tão bem arrumado, com o público enchendo o hipódromo.
O Jockey Club do Paraná estava de volta! E até hoje muitos se emocionam ao ouvir Roberto Casella, responsável pelas narrações naquela tarde histórica abrir sua primeira narração com a seguinte frase:
“Quase tudo pronto… Atenção, BOA SORTE PARA O POVO DO PARANÁ! PARA O TURFE DAS ARAUCÁRIAS! Quem vai para a ponta é Fiorella di Tiger, seguida por Time Halo…”
Ali o Jockey Club do Paraná oficialmente voltava a realizar corridas. Em uma prova de 800 metros, a primeira da reunião do dia 17 de janeiro de 2016, o público que já lotava o hipódromo correu para perto da cerca para ver o embate até os últimos metros de Fiorella di Tiger e Genuine Tiger.
No fim, por diferença de 3/4 de corpo, a filha de Tiger Heart e Rainha da Bateria, por Torrential, de criação do Haras Curitibano e de propriedade de Rangel Panzarini, vencia a primeira prova realizada no Hipódromo do Tarumã em 17 meses. Antonio Queiroz foi o responsável pela condução da alazã.
Depois vieram os outros sete páreos, cada um com uma emoção diferente. Rangel Panzarini repetiu a vitória na segunda prova, com Fendy di Job, na condução de Vicente Souza Paiva.
Xun Prospector, do Stud Mandrake venceu a terceira prova da programação, com Marcos Santos pilotando-o. “Maquinhos” venceu novamente no quarto páreo, desta feita com Mestre Alemão, do Stud Galope.
Calixto di Job, com o saudoso José Ventura montando-o, foi o vencedor da quarta prova, defendendo as cores da Coudelaria Colaço. No Ar, da Couldelaria Baptista, que viria a ser um grande craque, conquistou sua primeira vitória no Tarumã, com Antônio Queiroz como seu piloto.
Prestigiando o Jockey Club do Paraná, o paulista Sergio Coutinho Nogueira trouxe para ser treinado no Tarumã Olympic Finland, que com a pilotagem de Valmir Rocha venceu a sétima prova da programação.
Com o público todo em êxtase após aquela festa, Senatore, que veio de Ponta Grossa venceu para o Haras Ninho das Cobras a última prova daquela tarde histórica, com a pilotagem de Leandro Chimenes.
Se houvessem mais oito páreos, com certeza o público ficaria até o fim, tamanha a festa por ter o Jockey Club do Paraná reaberto e realizando corridas.
Diversos veículos de comunicação estavam presentes. Agora, ao invés das notícias de fraudes e escândalos, o turfe paranaense era retratado pela beleza das corridas. Na segunda-feira, dia 18 de janeiro, matérias nos principais canais de televisão, como Globo, SBT e Rede Bandeirantes foram reproduzidas retratando a grande festa.
Desde dia em diante, nunca mais o Hipódromo do Tarumã ficou sem suas famosas corridas.
*Fotos: Site Raia Leve e Renato Caliari.