Após passar os dois primeiros jogos da Copa do Mundo na reserva, Marcus Rashford mostrou na terça-feira ao treinador inglês Gareth Southgate por que merece ser titular da seleção inglesa. Na partida entre Inglaterra e País de Gales, o atacante de 25 anos anotou dois gols e liderou a vitória e a classificação da sua equipe para as oitavas de final.
Atual artilheiro do Mundial, ao lado de Kylian Mbappé, Enner Valencia e Cody Gakpo, Rashford se tornou conhecido por seu talento dentro de campo, mas também por suas atitudes fora dele. Revelado pelo Manchester United, o atacante se engaja em inúmeras causas sociais e foi até mesmo responsável pela criação de um fundo escolar que fornece alimentação a crianças de famílias carentes durante as férias no Reino Unido.
Durante o período de isolamento social da pandemia do coronavírus, Rashford se engajou na luta contra a fome infantil no país. Enquanto as partidas de futebol estavam paralisadas, o atacante do Manchester United iniciou uma campanha que alertava para a insegurança alimentar de crianças durante o lockdown e cobrava ações do governo britânico, que planejava não manter o plano de vale-alimentação escolar para as férias de verão. Em suas redes sociais, o jogador relembrou sua infância difícil e publicou uma carta emocionante.
Isso não é sobre política. Isso é sobre humanidade. Olhando a nós mesmos no espelho e sentindo que fizemos tudo o que pudemos para proteger aqueles que não podem, por qualquer razão ou circunstância, se protegerem. Afiliações políticas à parte, não podemos todos concordar que nenhuma criança deveria ir dormir com fome? O governo adotou uma abordagem do que for necessário para a economia – hoje estou pedindo a vocês que estendam esse mesmo pensamento para proteger todas as crianças vulneráveis em toda a Inglaterra, afirmou Rashford.
O protesto obteve resultados. Após a campanha do jogador, o parlamento britânico anunciou que iria destinar 120 milhões de libras (cerca de R$ 773 milhões) para o fornecimento de alimentos a crianças de famílias carentes durante o período de férias.
Como reconhecimento, ele recebeu uma condecoração do Império Britânico: o título de membro da Mais Alta Ordem do Império Britânico (MBE). Rashford também se tornou a pessoa mais jovem a receber um doutorado honorário da Universidade de Manchester.
Um dia de orgulho para mim e minha família. Ainda temos um longo caminho a percorrer na luta para combater a pobreza infantil neste país, mas receber reconhecimento de sua cidade significa que estamos caminhando na direção certa e isso significa muito, afirmou Rashford, em declarações à TV inglesa BBC.
RUMO AO ESTRELATO
Rashford nasceu em uma família pobre na cidade de Manchester e, desde muito cedo, ele e seus outros quatro irmãos passaram dificuldade. Sua mãe, Melanie Maynard, criou a família sozinha e, além de ter mais de um emprego, chegou a pular refeições para que seus filhos tivessem o que comer.
O talento do garoto para o futebol chamou a atenção do Manchester United e o clube contratou Rashford ainda em sua adolescência. No ano de 2015, após uma série de lesões no clube, o atacante foi alçado ao time principal pelo então técnico do time, Louis Van Gaal.
Aos 19 anos, Rashford estreou como profissional em um jogo contra o Midtjylland, válido pela Liga Europa. O atacante marcou dois gols, o que lhe rendeu o recorde de jogador mais jovem a marcar pelo United em uma competição europeia.
Considerado um dos mais promissores jogadores ingleses, Rashford viveu momentos de alta e baixa em seus anos pelo Manchester United. Apesar da desconfiança da torcida na última temporada, o atacante vem mostrando que recuperou sua forma goleadora durante a Copa do Mundo.