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Tatiana Perazollo, mãe do pequeno Vicente, de um ano e 11 meses, recém transplantado, infectado com Covid-19 e internado em isolamento no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, contou nesta quinta (9) como está o tratamento e fez um apelo para que as pessoas respeitem a quarentena.  “Nós estamos bem, sem sintomas e uma UTI vazia. O meu isolamento está bem diferente do de vocês, não estou em casa, entram somente duas mudas de roupa, nosso contato com o mundo externo é via chamada de vídeo, durmo numa poltrona, uso máscara sufocante 24 horas por dia. E tá de bom tamanho, tenho plena noção que poderia ser infinitamente pior, principalmente se eu estivesse em um hospital superlotado onde não fica familiar algum. Não pensem que vocês poderão acompanhar familiar que não vão não, nem visitar, quanto mais tocar até o final da internação”, alerta Tatiana. 

Vicente foi transferido do setor de transplante para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).  “Estamos num quarto de isolamento e aqui devemos ficar por mais 11 dias (talvez). Em se tratamento de Covid 19, algumas coisas podem ser talvez. Cada dia uma novidade. Eu entrei no isolamento também por provavelmente já estar contaminada, nem eu e nem ele temos sintomas por enquanto, graças a Deus. Ele já está medicado. Vamos ficar neste quarto sem colocar a cara na porta. Em UTI, geralmente nenhuma a mãe pode tomar banho, trazer pertences pessoais e se alimentar. Neste caso mais uma vez eu tive a sorte de estar no Pequeno Príncipe, com a UTI vazia e com atendimento humanizado, então a rotina mudou para atender a necessidade de Vicentinho por ser muito pequeno e pós transplante”, conta ela.  “Sabem qual a probabilidade de vocês encontrarem uma UTI vazia? Acho que vocês assistem noticiários né !!! Ah mais criança não fica grave, sim, mas transmitem né meu bem. Já pensou nos funcionários dos hospitais? Eles precisam estar bem”, diz Tatiana.

Ela fala que que a sua outra sorte estar emocionalmente cuidada e tratada: “Além de ter milhares de pessoas pedindo a Deus por nós Toda essa realidade pode ser enlouquecedora. Ficar entre quatro paredes com uma criança pequena, acostumada a brincar no chão, a ir e vir, preocupada com toda a questão envolvida, ainda mais sendo enfermeira. Nestes casos ser leigo ajuda no sentido de não saber as consequências”, conta  ela. 

Tatiana explica que pelo risco de contaminação, todos os alimentos vão até eles em marmitas e copo plástico e depois vai tudo pro lixo. As roupas quando forem para lavar, serão devidamente ensacadas e lavadas separadamente.  ” Estou me sentindo numa espécie de big brother misturado com bomba atômica, entendem. Mas pra que causar pânico Tati? Longe de mim ser a bruxa má, só estou tentando fazer com que as pessoas entendam que é melhor prevenir do que remediar e chorar”, alerta.  Tatiana também agradeceu à equipe do Pequeno Príncipe: “Obrigada a equipe do PP, pelo atendimento humanizado, pensa que é todo hospital que busca um docinho na lanchonete pra vc comer?”.

Vicente recebeu a medula do pai no dia 31 de março no Hospital Pequeno Príncipe. Ele também passou por quimioterapias depois de ser diagnosticado com Síndrome  Linfoproliferativa, uma doença rara.  As notícias diárias sobre o pequeno Vicente estão no Instagram @curaparaovicente.

Outros casos no Pequeno Príncipe

O Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba confirmou a contaminação de Vicente por covid-9 na terça (7). Outros dois casos foram  confirmados na segunda (6), de 6 e 11 anos, que também eram pacientes do setor de transplante de medula óssea do hospital, mas tiveram alta e estão em isolamento em casa. O quarto caso foi confirmado nesta quinta (8) em um bebê de cinco meses.  Segundo a assessoria de imprensa, há outras quatro crianças internadas no setor, mas elas testaram negativo.  A testagem dos profissionais faz parte de uma série de medidas preventivas que o hospital vem tomando desde janeiro para o enfrentamento a COVID-19. A instituição já realizou mais de 100 testes em seus profissionais, e teve 12 casos positivos – sendo seis deles na área administrativa, em um prédio que fica fora da unidade hospitalar. Todos os colaboradores foram afastados das suas funções.