DASSLER MARQUES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Acostumado a ter uma das melhores defesas dos torneios em que participa, o Corinthians perdeu essa característica nos últimos meses. Os quatro gols sofridos diante do Cruzeiro na última quarta-feira (19), e que ocasionaram a eliminação na Copa do Brasil, não ocorriam para os corintianos desde novembro de 2014. O desequilíbrio em relação ao sistema defensivo coincide com a saída do treinador Tite.
Nesta temporada, enquanto tinha ele como seu comandante, o Corinthians teve média de 0,65 gol sofrido por jogo. Desde então, seja com Cristóvão Borges, Fábio Carille ou Oswaldo de Oliveira, o índice praticamente dobra para 1,14.
Na avaliação da atual comissão técnica, alguns fatores em especial explicam essa queda de rendimento.
1 – PERDAS DE JOGADORES
Em meio ao Brasileiro, três atletas importantes e que faziam parte do sistema de marcação foram embora. O zagueiro Felipe, de nível superior aos que permaneceram, o volante Bruno Henrique, que havia se afirmado à frente da linha defensiva, e ainda Elias, que dava sustentação ao meio-campo. O entendimento é que a formação de toda a equipe acabou prejudicada. Erros individuais e de posicionamento são o que, segundo a análise interna, têm ocasionado boa parte dos gols sofridos. Não há, portanto, uma quebra de estilo em relação à era Tite.
2 – ERROS NA BOLA PARADA
Segundo levantamento interno, o Corinthians permaneceu 33 jogos consecutivos sem sofrer gols em jogadas de bola parada pelo alto. Essa marca foi quebrada pelo palmeirense Mina, e desde então tem se repetido. Cícero, do Fluminense, e os cruzeirenses Bruno Rodrigo e De Arrascaeta anotaram recentemente. Tradicionalmente organizado por Fábio Carille, o procedimento defensivo ainda não está totalmente absorvido pelos novos titulares. Além disso, a estatura da equipe diminuiu durante a temporada.
3 – VOLANTE
Desde que Cristóvão deixou o cargo no dia 17 de setembro, Camacho é que se tornou o jogador mais recuado do meio-campo. Originalmente armador, ele hoje é quem inicia as jogadas com mais qualidade, mas também não oferece a mesma proteção que Bruno Henrique, do primeiro semestre, ou Ralf, dos anos anteriores. A comissão enxerga que a escolha por ele foi a mais adequada em razão dos nomes disponíveis no grupo. Ter jogadores de mais técnica em posições recuadas, vale lembrar, é uma tendência do futebol moderno, mas exige que toda a equipe se sacrifique mais e esteja mais compacta.
4 – CRISTÓVÃO E A DEFESA
Internamente, alguns jogadores apontaram que a preocupação com a organização defensiva diminuiu durante a passagem de Cristóvão Borges. Na avaliação desses atletas, o foco do ex-treinador estava voltado à parte ofensiva em treinamentos. A consequência é que, coletivamente, segundo essas percepções, o time regrediu bastante, o que contribuiu negativamente.
5 – NÚMEROS
Apesar do crescimento do número de gols sofridos, o Corinthians está em boa posição entre as defesas do Brasileiro -hoje, é o quinto menos vazado do torneio. De acordo com levantamentos do Footstats, os goleiros corintianos são os que menos trabalham, em média, com 3,2 defesas por partida. A equipe é a quarta que mais rouba bolas e a quinta menos faltosa.
6 – MUDANÇAS
Além de perder jogadores negociados e trocar treinadores, o Corinthians também sofre para repetir seus jogadores de defesa. Cássio e Walter se revezaram no gol. Fagner foi duas vezes à seleção e foi substituído por Léo Príncipe. Uendel perdeu sete jogos por lesão e o miolo de zaga ainda não se definiu. Sem Yago, que só joga em 2017, Oswaldo deverá escolher Vílson para formar a defesa com Balbuena em visita ao Flamengo no domingo. Novo titular, Pedro Henrique está suspenso.