GUSTAVO FIORATTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cineasta Toni Venturi afirmou, na CPI que investiga irregularidades nas contas do Theatro Municipal, não ter conhecimento de que participou de uma concorrência quando foi contratado para produzir peças audiovisuais pelas quais o teatro pagou R$ 540 mil.
A informação contradiz registro no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social que administra o teatro, de que as empresas Mamute Filmes e Sequência 1 participaram do processo.
A produção dos filmes de Venturi para campanha publicitária do Municipal é investigada por duas razões: porque não foi veiculada na Rede Globo, como previsto -o cineasta afirma que sua obrigação era apenas entregar o produto e não veiculá-lo; e porque suspeita-se que o secretário de comunicação da prefeitura, Nunzio Briguglio, tenha indicado Venturi ao trabalho, o que tanto ele como o secretário negam. Venturi e Briguglio são assumidamente amigos.
Por meio de sua empresa Olhar Imaginário, Venturi fez outras campanhas para órgãos públicos onde Briguglio trabalhou, entre eles a Infraero e o Ministério da Educação.
O cineasta afirmou que a negociação da contratação no Municipal foi feita no início de abril de 2015, em reunião com a presença de Briguglio. A apresentação da proposta de serviço foi feita no dia 17 do mesmo mês, segundo o cineasta. Questionado, ele afirmou à comissão que nunca participou de um processo de licitação em órgãos públicos.
Na sessão, o vereador Ricardo Nunes apontou diversas irregularidades nos pagamentos à empresa Olhar Imaginário. Disse, por exemplo, que houve transferência de R$ 54 mil um dia antes da emissão da nota fiscal referente ao mesmo valor pela empresa.