NATÁLIA CANCIAN BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em resposta à carta enviada por um grupo de 150 cientistas que pede que as Olimpíadas sejam adiadas ou transferidas para outro local devido ao surto de zika, o Ministério da Saúde rebateu as críticas na noite desta sexta-feira (27) e disse que o período dos jogos deve ser de baixa transmissão do vírus. “O período em que serão realizadas as Olimpíadas no Brasil é considerado não endêmico para transmissão de doenças causadas pelo Aedes aegypti, como zika, dengue e chikungunya. Em 2015, por exemplo, agosto foi o mês com menor incidência de casos de dengue no país”, informou a pasta, em nota. O ministério alega ainda que o vírus zika está presente em 60 países do mundo, incluindo o Brasil, “cuja população representa apenas 15% das pessoas expostas ao vírus”. A pasta também ressalta que a OMS (Organização Mundial de Saúde) não fez recomendações para restrições de viagens, exceto às grávidas. “Em audiência ao ministro da saúde, Ricardo Barros, durante Assembleia Mundial da Saúde, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, já confirmou que virá aos Jogos Olímpicos, o que deve ser interpretado como um simbolismo da segurança deste período de baixa a transmissão do vírus zika”, informa. Na carta divulgada à OMS, no entanto, os especialistas dizem que descobertas recentes sobre o zika tornam “antiética” a manutenção dos Jogos no Rio. Entre os signatários estão Philip Rubin, consultor científico da Casa Branca, médicos e especialistas em ética médica de instituições como as universidades de Oxford, no Reino Unido, e Harvard e Yale, nos Estados Unidos. No documento, os cientistas também pedem que a OMS reveja com urgência suas recomendações sobre o zika, que tem sido relacionado a complicações como a ocorrência de microcefalia em bebês, além de doenças neurológicas em adultos. O grupo alerta que, apesar dos esforços para detê-lo, o número de infectados aumentou recentemente no Rio. ‘PREPARADO’ O Ministério da Saúde rebate. Segundo a pasta, o Brasil “está preparado” para a realização do evento, que ocorre em agosto, no Rio de Janeiro. A pasta afirma que houve ampliação de R$ 580 milhões no orçamento destinado para ações de vigilância e prevenção de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti -passou de R# 1,29 bilhão para R$ 1,87 bilhão. Ainda de acordo com a pasta, foram contratados 3.000 agentes de saúde para atuar no combate ao mosquito transmissor do vírus zika no Rio de Janeiro. Cerca de 2.500 profissionais de saúde temporários também devem atuar durante o evento, que contará com 146 ambulâncias, diz a pasta, que também afirma ter montado um centro de operações para atuar em casos de emergências e “organizar a rede de assistência”. O Ciocs (Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde) será ativado a partir do dia 5 de julho –um mês antes do início dos Jogos– e segue até 5 de outubro, informa.