Turim, na região noroeste do país, é onde nasceu a Itália. Foi a casa real do Piemonte que conduziu a reunificação italiana, entre os anos 1850 e 1860. Por um breve período, Turim foi capital do novo estado.

Mesmo depois da Fiat transformar a cidade em centro da indústria automobilística, Turim manteve uma atmosfera dos bons tempos do passado. Os habitantes vivem tranquilamente, em uma paisagem entre o vale e os Alpes. Palácio Real, Palácio Madama, museu Egípcio e o ancoradouro Antonelliana, estão integrados ao traçado urbanístico criado há séculos pelos romanos.

Mas a arquitetura é moderna, voltada para o desenvolvimento da indústria pós-guerra, destacando o Palácio do Trabalho, onde acontecem feiras internacionais, e o Palácio a Vela, um multi espaço para eventos.

No meio da efervescência de negócios milionários, ainda existe uma Turim ecológica, um oásis de paz e tranquilidade, distante poucos passos do centro. É o Parque Valentino, que se estende por quilômetros ao longo da margem do rio Pó. O Parque Ruffini é o que esconde entre suas avenidas, o Palácio dos Esportes. O Parque da Pellerina centraliza uma arena para shows e concertos. E o Parque da Maddalena, no alto da montanha, descortina vista para toda a cidade e os Alpes que emolduram Turim, sua paisagem de cartão postal.

A vida noturna é animada por lugares com boa música – clássica, punk, jazz, blues, folk e afro – e restaurantes com gastronomia local e internacional. Há casas de shows, cabarés, performances teatrais, danças. E cervejarias que são ponto de reuniões dos locais.

Os métodos de cultivo de vinhedos, inalterados há séculos, garantem para a região do Piemonte o título de produtor do melhor vinho italiano. Os melhores Barolo, por exemplo, não são exportados e raramente deixam a terra natal. O que torna a degustação in loco da boa comida regional e dos bons vinhos, uma atração turística ímpar. A gastronomia piemontesa tem nos legumes com bagna caoda, nas cebolas recheadas, nos salames, na carne de caça e na famosa trufa branca, seus pratos famosos.

Viajando por lugares onde os
grandes navios não chegam, o
turismo é mais rico e confortável
Gastronomia, cultura,
paisagens: tudo mais fácil,
em cruzeiros fluviais

ENTRANDO PELOS CANAIS DA FRANÇA
Leonardo da Vinci, na época em que viveu na França, hóspede do rei Francisco I, recebeu a incumbência de resolver o problema de transporte e trânsito de mercadorias entre os rios Sena e Loire. Projetou então o primeiro canal com débito de água controlado por eclusas.Em patamares, as embarcações podiam vencer os quase cem metros de desnível do terreno entre os dois rios.

Desde então, em cartas patentes assinadas por Henrique IV em 1604, a França passou a ter suas bacias hidrográficas progressivamente retrabalhadas em canais, que levaram às comunidades distantes da única via de comunicação confiável na época – os rios – o direito de se integrarem ao reino.

Desde então o território francês foi retalhado por uma monumental obra de engenharia, que ainda hoje ostentando a pátina do tempo, resiste por todos os rios: Oise, Marne, Reno, Rhône, Yonne, Saône, Sena e Loire. O gênio humano cavou largas trincheiras, conteve as margens, construiu eclusas, desviou a água dos rios, criou bacias de alimentação. Ainda são navegáveis 4.613 quilômetros de canais pontilhados por 1.935 eclusas. Na sua maioria, servem apenas à navegação de lazer, já que a circulação econômica de bens passa necessariamente pelas auto estradas e rodovias.

É agradável descobrir a França através dos seus canais, um país diferente daquele visto nos grandes centros urbanos ou visitado através das rodovias que normalmente escondem os encantos de paisagens geográficas e humana. Pelos canais a descoberta do país toma uma dimensão mágica. Chega-se a lugares que o tempo esqueceu, razão pela qual ainda permanecem íntegros, dominados pelo espírito das gentes locais.

O turista tem então a oportunidade de viver em uma outra cadência de tempo, nas pequenas aldeias, na contemplação dos trabalhos da terra, nas lendas, nos hábitos ancestrais nas falas, nas deliciosas receitas tradicionais de uma gastronomia regional. São as muitas culturas de uma mesma nação.

Os canais vagueiam pela estrutura mais distante do país, acompanhando rios que os alimentam ou deles se afastando para se projetar em outro. Cortam florestas e bosques, são englobados por campos cultivados e produzindo cereais, aproveitam-se das profundezas do relevo de montanhas para chegar a imensas planícies.

É uma viagem de cores, um passeio pela natureza na primavera , nos verdes do verão, nos castanhos do outono. A maioria dos canais receberam, desde os primeiros dias de criação, árvores pontilhando seus cursos, formando até verdadeiros túneis. No início foram plantados castanheiros, tílias e olmos. Mais tarde, substituídos por plátanos, cujas árvores de folhas fortes, formaram um ecossistema ideal para peixes e crustáceos de água doce. Daí que a pesca é um atrativo a mais em uma viagem pelos canais.

Estar deslizando pelas águas dos canais em uma peniche é abandonar a ânsia do horário, o medo de perder a condução, a aflição dos deveres a serem cumpridos ao longo do dia. Com uma velocidade máxima de 6 quilômetros por hora, parando a todo instante para vencer mais uma eclusa, o pequeno hotel flutuante serve de evasão com segurança. Passageiros descem para andar pelas margens dos canais ou seguir de bicicleta, encontrando a peniche mais adiante, nunca muito longe. Tempo suficiente para descobrir uma pequena aldeia, suas casas agrupadas em volta do igrejinha, a prefeitura, o bar – lugar ideal para conhecer o vinho da região, a aguardente de fruta, os habitantes locais.

Os melhores informantes das boas coisas da região são os éclusiers, os responsáveis pela abertura e fechamento das comportas que inundarão ou secarão a câmara que permitirá à embarcação subir ou descer um novo trecho do canal. Formam uma sociedade fraternal, já que a função é praticada por uma mesma família, por gerações. Presos ao canal por dever do ofício, homens e mulheres transmitem aos comandantes dos barcos e péniches mensagens pessoais e profissionais, destinadas aos vizinhos das eclusas seguintes. É o relacionamento humano que conta.

Certos trechos dos canais ganham status de obras de arte. Como a ponte-canal de Briare, construída em 1890 por Gustave Eiffel, rivalizando no trabalho de cantaria e nos bronzes das luminárias, gradis e medalhões com as mais belas pontes do Sena parisiense. Outras surpresas: o túnel de Pouilly, no canal de Bourgogne, longo e escuro, onde as embarcações são puxadas por rebocadores.

A vida do mundo civilizado junto aos canais corre tão mansa como as águas. Além dos barcos-hotel e das pequenas embarcações de aluguel, os canais também são habitados por péniches-residências, onde jovens amantes de aventura ou aposentados afortunados, vivem uma vida sem cobranças, em plena liberdade. Alguns guardiões das eclusas são também artistas, e imortalizam em pinturas as paisagens, que já foram pintadas por grandes mestres.

Importante também é a chance de visitar monumentos, castelos, marcos históricos que nem constam dos circuitos turísticos: mansões escondidas em meio a cercas vivas, pequenos castelos, museus. E mais o folclore de cada lugar e a riqueza da mesa de todos os dias: um coq-au-vin, um queijo amadurecido no tempo certo, e os vinhos das caves dos grandes produtores ou do pequeno enólogo que vive uma paixão, ao abrir uma garrafa millésimés, tudo o que faz a arte de viver francesa um mundo de costumes, cores, aromas, sabores, histórias. Viajar por rios ou canais é fugir do estereótipo, encontrar a alma de um país, aprender mais do bom gosto, da autenticidade e da cultura de cada região. Procure roteiros e tarifas acessando a internet ou fale com seu agente de viagens, para saber mais sobre os cruzeiros fluviais Avalon, AmaWaterways e outras tantas marcas comercializadas no Brasil. Vai valer a pena.