SÃO PAULO, SP – A Procuradoria-Geral do México enviou neste sábado (22) para prisões de segurança máxima 11 dos 31 manifestantes presos nos protestos da última quinta (20) contra o desaparecimento de 43 estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa.
Os oito homens e três mulheres foram indiciados por tentativa de homicídio, associação criminosa e motim após a acusação de que lançaram pedras, coquetéis molotov e fogos de artifício contra policiais que cercavam o palácio presidencial.
O confronto ocorreu horas após o fim da manifestação no Zócalo, praça principal da Cidade do México, na noite de quinta. Eles foram transferidos para presídios federais em Villa Aldama, a 247 km da capital, e Tepic, a 740 km da cidade. O caso foi encaminhado pela Procuradoria a um tribunal de Xalapa, cidade a 295 km do Distrito Federal.
Dentre os presos, está o chileno Laurence Maxweel Illabaca, 47, doutorando da Unam (Universidade Nacional Autônoma do México). Para o secretário de Governo mexicano, Miguel Ángel Osorio Chong, ele foi um dos mais violentos no confronto.
Ele afirma que a polícia tem imagens que provam os crimes que teriam sido cometidos pelos manifestantes presos, mas os vídeos ainda não foram revelados. Outros quatro jovens que inicialmente tinham sido presos durante o confronto no Zócalo ainda estão foragidos.
Durante a jornada de protestos, outras 16 pessoas foram detidas em um confronto com a polícia quando tentavam invadir o aeroporto internacional Benito Juárez, na capital mexicana. Delas, quatro foram processadas por ataque à paz pública e foram liberadas após pagamento de fiança.
CRÍTICAS
A defesa dos presos e organizações de direitos humanos acusam o governo e a Procuradoria-Geral de agir de forma arbitrária e de ter agredido os manifestantes durante a prisão.
O advogado Alejandro Jiménez, do Instituto Mexicano de Direitos Humanos e Democracia e que cuida da defesa, pediu à polícia os vídeos que supostamente provam os delitos cometidos pelos presos.
Ele também solicitou à Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que cobre à Procuradoria a autorização da visita dos advogados de defesa, os motivos que fizeram a polícia do Distrito Federal entregaram os manifestantes à Polícia Federal e a transferência dos detidos à prisões da capital.
“Neste momento de tensão que o país vive, se a Procuradoria-Geral da República quer recuperar sua credibilidade, deve deixar de fazer uso político do sistema penal e o governo federal deve parar de usar politicamente a Procuradoria”, disse.
Desde sábado, parentes e amigos dos manifestantes exigiram sua liberação na divisão de crime organizado da Procuradoria. Neste domingo, cerca de 300 pessoas se reuniram em uma manifestação contra as prisões.
“Esta é a atitude de um ditador autêntico”, disse Ana Cruz González, mãe da universitária Hillary González, uma das presas no protesto, em referência ao presidente Enrique Peña Nieto.