FELIPE DE OLIVEIRA RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Cerca de 200 pessoas realizaram na tarde desta terça-feira (30) uma manifestação em protesto contra o assassinato do entregador de pizza Rafael Neri, 23 – morto durante uma operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no último final de semana no morro da Coroa, no centro do Rio de Janeiro. A família diz que Neri foi baleado e morto por policiais do Bope (tropa de elite da PM fluminense) enquanto trabalhava. À reportagem a corporação disse que apura o caso. O protesto começou após o enterro do jovem, que ocorreu durante no cemitério do Catumbi, na zona norte da cidade. Vestidos com camisas com a imagem do rosto de Rafael, parentes e amigos fizeram uma passeata em direção ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Eles queriam ser recebidos pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas não conseguiram. O grupo marchou cerca de 4 km e chegou a fechar o túnel Santa Bárbara, uma das principais ligações na zona sul da cidade. “Rafael nunca foi envolvido com nada errado. Ele sempre foi trabalhador e estava entregando pizza [na hora do crime]. Colocaram o Rafael como um indigente para parecer que era traficante, mas não era”, afirmou Ricardo Farias, 24, amigo de Neri. Segundo ele, depois de ser baleado, documentos e roupas de Neri desapareceram. Para Diego Pardim, outro amigo de Neri, sua morte precisa ser um marco na luta contra operações policiais do tipo. “Nós queremos uma resposta. Isso é inaceitável. Um rapaz de 23 anos é executado e chamado de bandido? Queremos que o governador faça algo para prender quem assassinou meu amigo.” De manhã, questionado por jornalistas sobre o caso, Pezão não falou com a imprensa. Apenas informou que se encontraria mais tarde com oficiais do comando da PM para discutir o assunto. Representantes do governador disseram ao parentes de Neri que Pezão irá agendar um encontro com os familiares. Em nota, a PM informou que o o comando do Bope instaurou inquérito para apurar o caso. As armas dos policiais foram apreendidas pela 5ª DP (Distrito Policial) e encaminhadas para perícia.