CLAUDIA ROLLI SÃO PAULO, SP – O presidente da Zara no Brasil, João Braga, anunciou nesta terça-feira (20) um projeto que permitirá ao consumidor acompanhar detalhes da fabricação dos produtos da marca no país. A medida foi anunciada um dia antes de a empresa prestar esclarecimentos na CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa sobre um caso de 2011 envolvendo um dos seus fornecedores. O depoimento acontece nesta quarta-feira (21), a partir de 15h, em São Paulo. Em 2011, o Ministério do Trabalho constatou que a confecção, que integrava a lista de fornecedores da Zara, subcontratou oficinas que, por sua vez, utilizaram imigrantes bolivianos submetidos a condições degradantes de trabalho para fabricar roupas da marca. A empresa discute o caso na Justiça e ingressou com uma ação de inconstitucionalidade contra a chamada lista suja, do ministério, para não ter seu nome no rol de companhias que usam mão de obra em condições degradantes. A Zara Informou ainda que reconhece sua responsabilidade social no caso do fornecedor de 2011, já descredenciado após não colaborar com as auditorias da empresa, e assinou em 2012 um termo de ajustamento de conduta. Desde 2011, a empresa informa ter investido R$ 14 milhões em ações de responsabilidade social no Brasil, onde emprega diretamente 3.000 funcionários. PROJETO Batizado de “fabricado no Brasil”, o projeto consiste em mostrar, na etiqueta de todos os produtos feitos no país, informações sobre a mercadoria e o fornecedor, como sua localização e o total de trabalhadores que emprega. “Não é marketing. É a política de transparência da empresa”, defende Braga. Para checar essas informações, o consumidor deverá baixar um aplicativo com leitor de QR code ou código de barras e fazer a leitura com o smartphone. “A rastreabilidade do produto já temos, mas queremos dividir essa informação com o consumidor de forma transparente”, diz o executivo. A empresa também anunciou que financiará com cerca de R$ 6 milhões o projeto de criação do Centro de Integração à Cidadania do Imigrante, da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo. O centro vai dar apoio social aos imigrantes que chegarem ao país -na parte de documentação e possivelmente de formação profissional. LISTA SUJA Braga diz que as acusações feitas contra a empresa são injustas e declarou que as empresas que terceirizaram “não tinham consentimento da Zara. Houve desvio da produção sem que soubéssemos.” Além da confecção pega na fiscalização, outro fornecedor foi investigado pelos fiscais em 2011, mas a Zara não foi envolvida neste caso porque a confecção, segundo o executivo, era fornecedora de várias marcas e se adequou “imediatamente” às exigências da companhia. “Houve um desvio desses pedidos da Zara para oficinas de costura em condições degradantes e precárias de trabalho. E a Zara foi diretamente responsabilizada e notificada”, disse. Após a fiscalização, a empresa informa ter feito cerca de 1.200 auditorias em seus fornecedores brasileiros entre 2011 e 2013. Sobre o depoimento previsto para esta quarta-feira (21), diz que irão “prestar todos os esclarecimentos necessários.”