SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Promotoria de Catania, no sul da Itália, informou nesta terça-feira (21) que um erro do capitão é a causa mais provável para o naufrágio do barco pesqueiro com 850 imigrantes no último domingo (19) no mar Mediterrâneo. O naufrágio foi considerado a tragédia mais mortal registrada na história da travessia entre o norte da África e a Europa pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). Até o momento, apenas 28 pessoas foram resgatadas com vida. Tanto as autoridades italianas quanto a Acnur consideram que os passageiros desaparecidos morreram afogados. Com isso, o número de mortes de imigrantes no Mediterrâneo em 2015 chega a 1.776, mais da metade do registrado no ano passado. Segundo os promotores, o barco superlotado foi à pique após bater no cargueiro mercante King Jacob, de bandeira portuguesa, que foi ao local para socorrer os imigrantes depois de receber um chamado da Guarda Costeira italiana. A colisão, ocorrida quando o pesqueiro se aproximou do navio, aliada ao movimento dos imigrantes tentando sair fizeram com que o capitão do barco menor perdesse o controle e o equilíbrio da embarcação e provocasse o naufrágio. Para a Promotoria, o King Jacob não teve responsabilidade na manobra que afundou o pesqueiro. A conclusão foi tirada após depoimento dos sobreviventes e da tripulação do navio português, e os promotores não descartam inspecionar o pesqueiro. Os promotores dizem que, por ora, não é possível saber com precisão o número de mortos, mas que, diante do baixo número de sobreviventes, a maioria deles pode estar no porão do barco pesqueiro, como relatado por algumas testemunhas. PRISÕES As primeiras conclusões da investigação são divulgadas horas depois da prisão do tunisiano Mohammed Ali Malek, 27, acusado de ser o capitão do pesqueiro, e do sírio Mahmoud Bikhit, 25, o suposto assistente do comandante. Baseado no relato dos sobreviventes, havia no barco imigrantes vindos de Síria, Eritreia, Mali, Gâmbia, Costa do Marfim, Serra Leoa e Senegal, que estão entre os principais países de origem dos milhares que tentam atravessar o Mediterrâneo. A tragédia é mais um sinal de que em 2015 cresceu o fluxo de imigrantes na região. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), o número de mortos é 30 vezes maior que no mesmo período de 2014, quando foram registradas 56 mortes. Nesta terça, a Guarda Costeira italiana resgatou 446 imigrantes de um barco pesqueiro à deriva a 148 km da costa da Calábria, também no sul do país. Outras 638 pessoas foram retiradas de outras embarcações na segunda (20). Em outra rota marítima, entre a Grécia e a Turquia, 42 pessoas foram resgatadas pelas autoridades gregas em uma balsa à deriva perto da ilha de Lesbos e outras 39 em outro barco ilha de Farmakonisi, no mar Egeu. A Guarda Costeira da Grécia resgatou na manhã desta terça-feira 42 tripulantes que estavam em uma balsa à deriva na costa da ilha de Lesbos, no Mar Egeu. A gravidade da situação fez com que a União Europeia lançasse medidas emergenciais para tentar debelar a crise. Dentre elas, está autorização para apreender e destruir embarcações utilizadas para fazer o trajeto entre África e Europa.