A produção de um novo Capitão América era óbvia. O primeiro filme, de 2011, foi bem recebido e fez parte do combo que preparou o público para Os Vingadores, de 2012. Desde então, Thor e o Homem-de-Ferro já ganharam novas histórias. Agora é a vez do homem-bandeira em Capitão América – O Soldado Invernal, que estreia hoje e se passa depois dos eventos de Os Vingadores.

Uma análise dos heróis de Os Vingadores sugere uma improbabilidade em relação ao Capitão América. Hulk é muito mais forte. Thor é um semideus, muito mais poderoso. O Homem-de-ferro é muito mais inteligente e cheio de artimanhas tecnológicas. A Viúva Negra e o Gavião Arqueiro já estiveram do lado inimigo. No entanto, todos acatam ordens do Capitão. Como pode?

Capitão América – O Soldado Invernal explica. Mais que o soro de supersoldado, o escudo indestrutível ou a capacidade de saltar sem paraquedas (isso mesmo), a grande qualidade do Capitão (Chris Evans, que retorna ao papel) é a liderança que ele exerce.

Ciente disso, ele acha ruim de uma certa insubordinação de comandados seus em uma missão em um navio pirata. E reclama com o homem-forte da Shield e comandante da tal operação, o onipresente Nick Fury (Samuel L. Jackson). O comandante, que parece se desenhar um oponente, é na verdade quem dá a grande dica ao Capitão: Não confie em ninguém.

Não bastassem as dificuldades da adaptação ao mundo moderno, o Capitão percebe à força que não está mais nos anos 1940, em que os nazistas são um inimigo claramente definido e cumprem muito bem o papel de mal absoluto. Ele agora está no século 21, tempos em que, se uma ameaça bem definida não cai do céu, é porque não há uma ameaça bem definida. Restam as que estão indefinidas. Podem estar no meio do Oceano Índico. Podem estar infiltradas na Shield. Podem ser o próprio vizinho.

A partir daí, um frenético jogo de gato-e-rato se desenvolve. O mundo não é mais tão preto-e-branco quanto Steve Rogers achava. Nesses muitos tons de cinza, os líderes da bandeira que o Capitão América defende podem se mostrar um mal muito mais absoluto que os próprios nazistas. No meio do caminho ainda há o misterioso Soldado Invernal, que dá o subtítulo ao filme. Um combatente capaz de dar uma surra no Capitão em um combate mano a mano.

Para sorte do Capitão, ele não está sozinho. Há colegas leais como a Viúva-Negra (Scarlett Johansson) e o Falcão (Anthony Mackie). Há espaço suficiente para ele exercer seu poder de liderança. Mesmo alguns que parecem subordinados ao poder vigente fecham com o herói. Não é Nick Fury quem diz Não confie em ninguém? Errado. No Capitão América, todo mundo confia.

Adendos
Dois adendos são importantes para Capitão América — o Soldado Invernal. O filme segue uma história já publicada nos quadrinhos da Marvel. E, como se trata de um filme da Marvel, é importante o espectador ficar até o fim. Até o fim mesmo.

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