A terrível tragédia que vitimou a coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, na semana passada, acabou turvando a repercussão da rebelião na
Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, que resultou em cinco mortos e três feridos. Acusado de ter retirado parte dos Policiais Militares que faziam a segurança da unidade, o governo Requião, como é de praxe, reagiu colocando a culpa em terceiros — no caso, o sindicato dos agentes penitenciários.

Alertas
As desculpas do governo não convencem e só reforçam a sensação de falta de comando e descontrole por parte do sistema penitenciário e da Secretaria de Estado da Segurança Pública. As declarações do secretário Luiz Fernando Delazari de que a rebelião não teria nada a ver com a retirada dos PMs, e de que “estudos comprovaram que o número seria suficiente”, são absolutamente vagas. O fato é que já haviam inclusive alertas de que uma rebelião poderia acontecer a qualquer momento, e que a situação na unidade é de extrema gravidade.

Crônico
Longe de ser um fato isolado, os problemas na PCE refletem uma situação crônica que se espalha pelo Estado. Basta lembrar que, na virada de 2009 para 2010, ocorreram fugas simultâneas em pelo menos seis delegacias do Paraná, por conta da superlotação. Ao todo, foram 68 fugitivos. E, depois de quase oito anos no poder, Requião não conseguiu dar uma resposta para a situação.

Efetivo
Para o deputado estadual Mauro Moraes (PSDB), o motim evidencia a fragilidade do sistema e escancara o problema da falta de efetivo, já que os PMs teriam sido retirados para atender a Operação Verão no Litoral e o 190 (emergências). O que seria um reflexo da falta de interesse do governo em investir recursos no setor. Segundo ele, os alertas chegaram até a Secretaria de Justiça, que avisou a pasta da Segurança, mas nenhuma medida foi tomada. Para Moraes, o governo precisa discutir imediatamente a criação de uma assessoria jurídica para os presos, “o que, na realidade, é uma exigência constitucional”, afirmou, lembrando que o Paraná é o único estado brasileiro que não possui uma defensoria pública.

Desmentido (I)
A reunião da manhã de ontem da Executiva do PSDB do Paraná não foi suficiente para conter a ebulição interna. No período da tarde, foi divulgada a informação de que o sociólogo Antonio Lavareda não reconheceria o resultado de pesquisa, divulgada pelo seu próprio instituto (Ipespe) sobre a disputa pelo governo do Estado nas eleições de outubro. Os números colocavam o senador Álvaro Dias (PSDB) à frente dos principais pré-candidatos — o senador Osmar Dias (PDT) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Pelas informações (publicadas em blogs políticos), Lavareda teria telefonado para o deputado José Aníbal, líder do PSDB na Câmara dos Deputados, e dito que o nome do instituto foi usado pelo seu sócio em outra empresa, a APPM, Hilton Cesário Fernandes, para dar credibilidade a sondagem.

Desmentido (II)
No final da tarde, o senador Álvaro Dias informava que conversou diretamente com José Anibal, que teria afirmado que não conversou com Antonio Lavareda, proprietário do Instituo Ipespe. Segundo Alvaro Dias, José Anibal sequer sabia da existência de tal pesquisa.

Contas
Com uma pauta sem grandes emoções, a 1ª Câmara do Tribunal de Contas do Estado (TCE) retoma na tarde de hoje as sessões ordinárias. Os membros da 2ª Câmara e do Pleno também iniciam os julgamentos de 2010 nesta semana.

Reabertura
Fechada desde 20 de dezembro, a Assembleia Legislativa reabriu as portas ontem dos gabinetes dos deputados e dos setores administrativos da Casa. A abertura dos trabalhos, porém, só acontece no dia 1º de fevereiro, quando haverá a apresentação das contas do governo do Estado. E, apesar do ano eleitoral, a direção da Casa afirma que não pretende alterar o calendário das sessões. Mas admite que, como já vinha acontecendo em 2009, a última sessão de cada semana poderá ser antecipada de quinta para quarta-feira.

De volta
O deputado Ênio Verri (PT) reassumiu ontem sua cadeira na Assembleia. Ele volta a ocupar a vaga da bancada que deixou em 2007, para assumir a Secretaria de Estado do Planejamento. Com isso, quem sai é o professor José Lemos, presidente da APP-Sindicato e segundo suplente da sigla. Foi um alívio para o governo Requião, já que Lemos andava incomodando ao cobrar reivindicações de servidores, incluindo professores e policiais.

Chile
A vitória do candidato da direita, o magnata Sebastián Piñera, nas eleições presidenciais do Chile, ocorridas no domingo, suscitou comparações com a situação no Brasil. Piñera derrotou o ex-presidente Eduardo Frei, candidato de centro-esquerda, que tinha o apoio da atual presidente, Michele Bachelet. Apesar de ter 80% de aprovação popular, Bachelet não conseguiu emplacar seu preferido, o que pôs fim a duas décadas de hegemonia da esquerda no País. Alguns prevêem que o mesmo pode acontecer no Brasil, onde o presidente Lula, do alto de seus 80%, tenta emplacar a ministra Dilma Roussef.

Nada a ver
O deputado federal André Vargas (PT) garante que as comparações não têm fundamento. Segundo ele, Frei tinha o desgaste de ter sido presidente do Chile anteriormente, e a base governista rachou.

PARABÓLICA
  • A nova diretoria da OAB Paraná toma posse em cerimônia solene amanhã, às 20 horas, no Teatro Guaíra (auditório Bento Munhoz da Rocha Netto). O advogado José Lucio Glomb assume a presidência da instituição para o mandato de 2010 a 2012, no lugar de Alberto de Paula Machado. Também tomam posse os diretores César Augusto Moreno (vice-presidente), Juliano José Breda (secretário-geral), Juliana de Andrade Colle (secretária-geral adjunta) e Guilherme Kloss Neto (tesoureiro), além de conselheiros da OAB e diretores da Caixa dos Advogados.

Em alta
O TRIBUNAL DE CONTAS garantiu que os processos de compra e contratação de serviços abertos em 2009 no Paraná cumprissem a Lei de Licitações. A Corregedoria-Geral concedeu liminar suspendendo 15 dos 32 dos editais de licitação com indícios de irregularidades.

Em baixa
Auditoria preliminar da Controladoria Geral da União apontou desvios de pelo menos R$ 129 mil em recursos de patrocínio da Petrobras pela FUNDAÇÃO JOSÉ SARNEY. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), limitou-se a divulgar nota alegando não ter participação na gestão da entidade.