Foi no verão de 1865 que o palácio do Sultão Abdulaziz ficou pronto e abriu suas portas para receber os mais importantes e influentes dignatários da época. Hoje a modesta vila de Beylerbeyi que rodeia o palácio de mesmo nome, recebe com simpatia aos milhares de turistas e visitantes que circulam pelos belos jardins da propriedade ou pela praça da vila. Embora o Beylerbeyi seja facilmente acessível por terra, o bom mesmo é chegar de barco, passando por baixo da ponte que é única em Istambul, fazendo a ligação entre o passado e o presente com ainda mais beleza.
Pois é nos palácios de Istambul que  a novela Salve Jorge, faz de residência para o rico turco, dono de lojas de tapetes no Grand Bazaar e pai adotivo de uma brasileira.
O Beylerbeyi é um dos mais visitados pelos grupos de turistas, porque além de seu fausto, tem menos filas do que o fabuloso e imbatível  Dolmabahçe, que foi residência dos sultões otomanos, depois que o Palácio Topkapi foi abandonado.

COM VISTA PARA O BÓSFORO
Localizado no lado asiático de Istambul, o Beylerbeyi era residência de veraneio dos sultões e morada temporária de chefes de estado, em visita à cidade das Mil e Uma Noites. O prédio de 2 andares, 6 salões e 26 apartamentos. Cozinha e despensa ficavam na parte baixa da casa. A decoração é feita com candelabros da Boêmia, relógios franceses e porcelanas da Turquia, China, Japão e França.
No outro lado da praça local está uma elegante mesquita, construída em 1778 pelo sultão Abdulhamid I em memória de sua mãe, Rabia Sultan. A mesquita também é melhor avistada no lado das águas. A praça central, junto do píer, tem papel importante para os hóspedes de hoje. Como a maior parte das vilas junto ao Bósforo, Beylerbeyi tem uma boa quantidade de restaurante, cafés e lojas que vendem jóias e artesanato, misturados entre as históricas casas de madeira. Lotada nos finais de semana, a praça é calma durante os outros dias, só movimentada pelos pescadores da região, em suas conversas e risadas a cada vez que conseguem fisgar um peixe.

UMA ELEGÂNCIA CONTIDA
Menos elaborado do que outros palácios, Beylerbeyi é único. Foi construído no mesmo lugar de um outro prédio, que era de madeira e sofreu um incêndio em 1851. Foi quando o sultão Abdulaziz resolveu reconstruir tudo, desta vez em pedra e cimento. Para escolher o lugar correto da construção, diz a lenda que o sultão mandou os serviçais pendurarem pedaços de carne  em árvores, em vários pontos do espaço,  que eram constantemente controlados. No local onde a carne demorou mais tempo a estragar, foi considerado o mais fresco e agradável para um palácio de verão. Quem visitar o Beylerbeyi durante o alto verão, vai perceber que há uma constante brisa soprando do Bósforo e mantendo a temperatura perfeita para a temporada de veraneio.
O palácio foi projetado no estilo neo barroco francês, mas seguindo a planta tradicional otomana, pelos arquitetos imperiais Sarkis e Agop Balyan.A planta é retangular, contendo em cada andar a selamlik ( área de recepção) e haremlik (área das mulheres) .Por ser um palácio de verão, não há sistema de aquecimento. O chão é recoberto com tapetes vermelhos e os famosos tapetes Hereke, o que garante proteção contra frio e umidade. Água corrente era popular nas casas otomanas, tanto pelo barulho agradável da água caindo, como pela garantia de frescor. O Beylerbeyi tem uma fonte com uma espécie de lago em cada salão de recepção. Decorado com luxo, ostentando seus candelabros de cristal Baccarat e vasos orientais, tem também toques especiais, por causa do amor do sultão Abdulaziz por barcos e por mar. Durante seu reinado a marinha turca ficou em segundo lugar em importância no mundo. O palácio tem então muitas decorações e pinturas com o tema naval.

VISITAS IMPORTANTES
Um dos destaques na lista de hóspedes ilustres e de cabeças coroadas que visitaram o sultão no palácio foi a Imperatriz Eugenia da França, que teve um atendimento lendário.
A Imperatriz Eugenia esteve em Istambul em 1869, a caminho da inauguração do Canal de Suez. Quando ela ousou entrar no palácio de braço com o sultão, foi estapeada no rosto pela mãe de Abdulaziz, por sua falta de tato. Mesmo com tão chocante acolhida, Eugenia  ficou impressionada com o palácio e até admirou tanto a beleza das janelas, que fez que fossem copiadas no seu quarto, no Palácio das Tuileries, em Paris. Outro nome de destaque no palácio foi o do sultão Abdul Hamid II, que ficou no exílio dentro do palácio entre 1912 e 1918, quando de sua morte. O sultão passou seus últimos anos no palácio, estudando e escrevendo suas memórias, fazendo novos móveis ( tinha como passatempo a marcenaria) para a decoração, que existem até hoje em exposição. Enquanto ele escrevia poesia, o mundo na Turquia estava mudando e passando para República.

Os jardins já não são os mesmos, mas sempre merecem uma visita. No passado foram uma floresta de 160 mil metros quadrados, incluindo uma área de caça, um zoológico e um jardim com terraço, com exemplares da flora de todo o mundo. Hoje somente uma parte disso tudo ainda existe. Mas continua sendo um oásis de paz e calma no meio da cidade, e tem um café para os visitantes. Há duas piscinas ovais, várias estátuas de animais e uma grande variedade de plantas e flores, incluindo até uma floresta de bambus.O acesso às águas é feito através de dois grandes e belos portões no jardim. O visitante deve andar para fora dos portões, no píer de mármore, para admirar os pavilhões em forma de tendas, para aproveitar a lendária brisa do palácio e toda a beleza do Bósforo.
Embora se diga que o palácio recebe mil visitantes ao dia na alta temporada, ele nunca parece lotado. A vila em torno fica longe das multidões e do turismo de massa.
Anote, para quando for conferir a viagem pela Turquia: telefone (0216) 321-93-20. Abre diariamente das 9 às 16 horas. Mantém uma pequena loja de souvenirs, com cópias de porcelanas e um atendente sonolento.