O secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, afirmou nesta terça-feira (14) que o Paraná possui estrutura física e recursos humanos adequados para atender a demanda da gripe e outras doenças respiratórias, mas que lamenta que o Ministério da Saúde tenha adiado ainda mais a campanha de vacinação contra a gripe, que só começa em 4 de maio.

Dados da Secretaria Estadual da Saúde apontam que o Paraná registrou 227 casos e 16 mortes por gripe em 2014. Ao final das investigações, a Secretaria identificou que do total de mortes, dez pacientes tinham direito à vacina, mas não foram imunizados. A maior parte dos óbitos estava relacionada a pacientes com doenças crônicas pré-existentes que podem ter contribuído para a morte.

Neste ano, o Estado já contabiliza três casos de gripe e uma morte. Trata-se de uma mulher de 67 anos, moradora da região de Foz do Iguaçu, não vacinada e que tinha pneumopatia e cardiopatia. Os números dizem respeito às amostras positivas coletadas em pacientes atendidos nas 50 unidades sentinelas do Estado, o que inclui unidades de saúde e hospitais de pequeno e grande porte de 18 cidades.

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pediram ao Ministério de Saúde a antecipação da vacinação para o começo de abril, quando a temperatura cai e aumenta o risco transmissão da doença. O ministério sinalizou que a campanha seria iniciada em 27 de abril e agora anunciou que a campanha nacional começa somente em 4 de maio.

É um retrocesso iniciar a vacinação em maio, ao contrário do que reiteradamente os estados do sul vêm solicitando ao governo federal, que é a antecipação da campanha para que a imunização seja feita antes do início do inverno, disse Caputo Neto, durante a quarta edição do Seminário Estadual de Influenza e outras Doenças Respiratórias, realizado em Curitiba.

O Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição das doses, alega que houve problemas na produção da vacina e por isso não haveria como enviar as doses mais cedo. Pelo contrário, teve que adiar em uma semana o início da campanha em todo o Brasil.

ESTRATÉGIAS – O Seminário Estadual reuniu mais de 400 pessoas profissionais e gestores da área da saúde do Paraná e teve a participação do diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. O Governo do Estado apresentou as estratégias que estão sendo adotadas para ampliar a proteção da população e evitar a ocorrência de casos graves e mortes por gripe, sobretudo neste período mais crítico para a transmissão da doença.

As medidas envolvem desde a campanha de vacinação contra a gripe, que se inicia no próximo dia 4 de maio, até o fortalecimento das ações voltadas ao diagnóstico e tratamento precoce de casos suspeitos.

Para Caputo Neto, a rede de saúde do Estado tem a expertise de ter enfrentado a pandemia de Influenza ocorrida em 2009. De lá para cá, incorporamos novas tecnologias, realizamos uma série de capacitações e continuamos acumulando conhecimento e aprimorando as ações de enfrentamento, ressaltou o secretário.

O estoque de medicamentos, por exemplo, conta com insumos disponíveis para o tratamento de 60 mil pacientes. A recomendação do Estado é que o medicamento Oseltamivir seja receitado para qualquer caso suspeito de gripe, mesmo sem confirmação laboratorial. A medida aumenta a eficácia do tratamento e reduz significativamente as chances de agravamento do quadro clínico do paciente.

DESTAQUE – O protagonismo do Paraná no controle e monitoramento das síndromes respiratórias é reconhecido nacionalmente. Cláudio Maierovitch, do Ministério da Saúde, afirmou que o Paraná trata o enfrentamento da gripe como uma prioridade e por isso vem se destacando na área.

Utilizamos o Paraná sempre como exemplo para outros Estados, pois aqui a gripe é tratada com a devida importância. Não podemos esquecer que ela é uma doença grave e que se não tratada adequadamente pode sim levar a morte, disse ele.

VACINAÇÃO – Durante o seminário, a Secretaria Estadual da Saúde também divulgou informações sobre como funcionará a vacinação contra a gripe, que neste ano acontece de 4 a 22 de maio em mais de dois mil postos de vacinação existentes no Estado.

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Eliane Chomatas, o pedido formal do Paraná para a antecipação da campanha não foi acatado pelo Ministério da Saúde e por isso as pessoas devem procurar as unidades de saúde logo no início da campanha. A vacina demora 15 dias para fazer efeito. Quanto mais cedo as pessoas forem imunizadas, menores são as chances de se contrair o vírus, alerta.

GRUPOS PRIORITÁRIOS – Cerca de 2,9 milhões de paranaenses terão direito à vacina, conforme os grupos de prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Em 2015, as doses seguem disponíveis gratuitamente para idosos (+60 anos), crianças menores de cinco anos, gestantes, mulheres com pós-parto de até 45 dias (puérperas), doentes crônicos, profissionais de saúde, indígenas e trabalhadores e detentos do sistema prisional.

COBERTURA VACINAL – O coordenador estadual de imunização, João Luis Crivellaro, explica que a meta estipulada pelo Ministério é vacinar pelo menos 80% do público-alvo, mas no Paraná o objetivo é atingir entre 95% e 98% de imunização. Todos os anos conseguimos boas coberturas vacinais, mas ainda há grupos que estão abaixo do esperado e vamos intensificar o trabalho de busca ativa, como é o caso das gestantes e dos doentes crônicos, explicou.

Como nos anos anteriores, a vacina concede proteção contra os três tipos de vírus da gripe mais circulantes: Influenza A H1N1, Influenza A H3N2 e Influenza B. É uma vacina trivalente. Em adultos, pode ser aplicada em uma única dose. Já para crianças, são duas doses, sendo a segunda 30 dias após a primeira, esclarece Crivellaro.

HIGIENE – Outra forma de prevenção indicada pelos profissionais de saúde é a adoção de práticas de higiene, como lavar bem, e com frequência, as mãos com água e sabão; evitar tocar os olhos, boca e nariz após contato com superfícies; não compartilhar objetos de uso pessoal e, ainda, cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar. Também é importante manter os ambientes sempre arejados e com boa ventilação.

HOMENAGEM – Nesta terça-feira, a Secretaria da Saúde também homenageou experiências exitosas no trabalho de monitoramento da Influenza e outras síndromes respiratórias. O Pronto Atendimento 24 horas de Francisco Beltrão e a Policlínica de Pato Branco receberão uma placa honrosa em reconhecimento a excelência dos trabalhos realizados no último ano. Já o município de Fernandes Pinheiro foi homenageado pela boa cobertura vacinal alcançada na campanha de vacinação de 2014.