O momento não é fácil, mas exige a tomada de decisões pensando no bem-estar coletivo

E, de repente, nossas vidas mudaram. Aquele cenário quase de guerra que víamos pela televisão na China, Itália e Espanha chegou até o Brasil. Ainda estamos em uma escala menor, mas todos os serviços não essenciais à população tiveram o atendimento ao público cancelado, empresas dando folgas ou permitindo o trabalho em home office. Neste cenário, a questão é: correr na rua ou não correr?

Se você tem esteira em casa, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é para manter as atividades em dia, mas evitar treinos muito intensos (como os intervalados) ou longos, que podem reduzir a imunidade. Se você depende da academia do seu prédio ou corre na rua, o cenário é outro.

No último domingo (22), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) se posicionou a respeito do que fazer. A orientação dada pela entidade é de que “os exercícios físicos não devem ser realizados ao ar livre ou em academias ou similares, mesmo as localizadas em condomínios fechados, cumprindo a orientação para que fiquem em casa”.

Por outro lado, a SBMEE alega que “a manutenção da atividade física é muito importante, com o exercício devendo ser adaptado para realização na própria residência, de acordo com a faixa etária, estado físico e disponibilidade”.

As dúvidas

A Covid-19 é uma novidade e, por mais que médicos e especialistas tendem orientar, existem muitas dúvidas a respeito da enfermidade. Os diferentes materiais produzidos no mundo, como o da Runner’s World e da Men’s Health, afirmam que é possível correr ao ar livre, exceto se houver algum tipo de recomendação contrários dos órgãos de saúde. Os cuidados a serem tomados são:

– Não se deve correr em grupos – o ideal é o treinamento individual;

– Evitar a aglomerações ou locais muito cheios – evite parques e opte por percursos livres;

– Se tiver qualquer sintoma, permaneça em casa, respeitando a quarentena;

E o pensamento no coletivo?

É aqui que entra o aspecto mais importante deste post. As recomendações são para que permaneçamos dentro de casa: os adultos estão distantes de seus escritórios e as crianças das escolas. O que diríamos de alguém que abandonou a quarentena por um mero lazer? Por que correr seria diferente?

Os estudos dizem que o coronavírus permanece nas superfícies por horas ou dias. Ao sairmos de casa para correr, estamos abrindo a possibilidade de sermos contaminados – ainda que sejamos jovens, assintomáticos ou casos leves – e podemos contribuir para infectar um vizinho do condomínio, por exemplo. Vale o risco?

É difícil, eu sei

Nos últimos dois anos, eu perdi 3 treinos. Um por sinusite e outros dois por febre.

Estava inscrito para a Maratona de Porto Alegre e começando a treinar em um nível muito bom (para o meu patamar). A prova foi adiada – e nem poderei fazer na outra data – e todo o ciclo de treinamento também. É difícil pensar em perder condicionamento e etc, mas estamos em uma situação que envolve muito mais do que o eu. Deve-se pensar no coletivo e, ao menos pelos próximos dias, o ideal é adaptar os treinos. Vai ser fácil? Não, especialmente para quem tem esse esporte na rotina.

Mas, às vezes, situações extraordinárias exigem medidas extraordinárias. Fiquem em casa! Contribuam!