Na minha terceira maratona, pude curtir a distância e concluir bem abaixo do tempo que gostaria em uma das provas mais bonitas que já vi

Correr 42 kms ainda é uma distância assustadora. Só me dou conta disso nas vésperas da maratona, quando você efetivamente começa a pensar no que significa se submeter a essa distância – e percebe que rodou uns 20 minutos de carro em uma área que você vai correr no dia seguinte. Mas é justamente esta sensação de frio no estômago e a incerteza de não saber nem se será possível concluir bem que tornam essas provas tão especiais e esperadas.

Uma maratona não é algo que se faz em um dia. Exige um ciclo de treinos, de preparação do corpo e da cabeça. No meu caso, começou em fevereiro e se seguiu até a quinta-feira véspera da prova, quando fiz meu último treino para a Maratona Internacional de Floripa Uninter. Ao todo, foram 821 kms de treinos na rua e esteira, mais sessões de pilates e academia para aguentar o tranco. Fora um cuidado especial com a alimentação nos últimos dois meses.

Venci minha terceira maratona em 3h38 minutos, um resultado muito melhor do que estava planejando, que era concluir em menos de 4 horas. Foram 27 minutos de diferença entre a Maratona de Curitiba e a de Floripa, algo que atribuo a uma preparação melhor, um entendimento melhor do meu corpo e da distância e a atenção à alimentação.

Mais do que perfeito

Sinceramente, não imaginava ter corrido uma prova tão bonita e em condições tão perfeitas. A Meia Maratona do Rio de Janeiro, de Vancouver e de Seattle foram lindas, mas Floripa se superou. Tivemos a demonstração perfeita das vantagens de acordar cedo para correr: a lua cheia ainda estava no céu, quando largamos para os 42 kms às 6h10, e, por volta do quilômetro 7, pudemos assistir o sol nascer, enquanto corríamos pelo continente. Inesquecível.

Lamento não ter corrido com o celular, porque vi muita gente fotografando e até mandando aquela mensagem especial para os amigos que não foram picados pelo bichinho da corrida: “É por isso que eu deixo de tomar aquela cerveja até mais tarde e acordo cedo no domingo”. Só os colegas corredores que estiveram lá sabem exatamente o que estou dizendo.

A escolha por Floripa não foi à toa: a ideia era uma prova mais plana do que a Maratona de Curitiba e em uma época do ano mais propícia para os 42 kms do que novembro (correr muito tempo no calor é um desgaste tremendo). Esse tipo de planejamento só dá certo se você contar com a sorte, algo que definitivamente tivemos no último domingo.

A previsão do tempo marcava chuva em Florianópolis até sexta, quando chegamos para retirar o kit sob uma garoa chata que variava com chuva forte. No sábado, já não havia nuvem nenhuma e, no domingo, o mesmo céu de brigadeiro, com previsão de largada a 9 graus e máxima para o dia de 15 graus. Ou seja, temperatura perfeita e sem nenhum tipo de vento que pudesse atrapalhar.

Ainda dá para melhorar

Depois da minha primeira maratona, em 2016, falei que nunca mais faria isso. Mas frustrado com o meu desempenho, resolvi exorcizar Curitiba em 2017. Em 2018, acho que finalmente entendi o que é essa distância, que está longe de ser saudável, mas acho que todo mundo precisa de um desafio por ano, não é?

A felicidade pelos 3h38 é enorme, mas sei que poderia ter feito melhor. Há sempre o que melhorar. E mal posso esperar pelos 42 quilômetros de 2019 em data e local ainda não definidos!