Fotografia esportiva se disseminou em todo o Brasil, mas muitos corredores fazem apenas o print das imagens e compartilham em suas redes sociais, deixando de valorizar o trabalho do profissional

Estima-se que, somente no Brasil, o mercado das corridas de rua movimente R$ 3,1 bilhões. Um estudo do imarc Group projeta que, no período entre 2019 e 2024, haverá aumento de 6% no segmento, considerando quatro itens principais: os tênis, o vestuário, os acessórios e aplicativos para mapear os treinos e provas. Ou seja, há cada vez mais empresas e pessoas transformando a corrida em seu estilo de vida – assessorias de corrida, nutricionistas, agências de viagens personalizadas e por aí vai.

Ao organizar uma corrida, há uma série de empresas beneficiadas: as malharias (responsáveis pela confecção das camisetas), as fábricas de medalhas personalizadas, as próprias prefeituras (que recebem uma taxa pelo uso das ruas), as pessoas que trabalham de forma direta e indireta, entre tantos outros envolvidos. Além dos itens necessários para a prática e as inscrições para as corridas (cada vez mais personalizadas), um novo mercado amadureceu: o de venda de fotos.

Especialização

As organizadoras de corrida têm feito parcerias com empresas especializadas na cobertura fotográfica, dando a oportunidade aos corredores de ter um registro de muitos momentos especiais. Muitas dessas provas oferecem um valor específico antecipado, dando direito a fazer o download de um pacote com todas as fotos. Em outras, o corredor seleciona e adquire as fotos mais interessantes, que representam um momento especial daquela prova.

Assim como outros sites/aplicativos da economia compartilhada, como o Uber, por exemplo, os sites fazem a intermediação entre os atletas e os fotógrafos – e uma parte do valor é absorvida pela empresa pelo uso da tecnologia, sistemas de pagamento e etc. Em outras palavras, a fotografia esportiva se tornou mais um caminho para a renda de muitas pessoas, seja para realizar como atividade principal ou mesmo como complemento de renda.

#noprint

Ao encerrar uma prova, muitos atletas aguardam com ansiedade para ver suas fotos. Nós, por exemplo, já tivemos mais de 100 fotografias tiradas em uma única prova. Em geral, as fotos custam a partir de R$ 10, considerando as versões para download em diferentes qualidades. Diante da gama de imagens disponíveis, há uma chuva de pessoas nas redes sociais que, ao invés de comprar a fotografia, tiram prints e postam. E o pior: não assumem que essa é uma postura errada! Veja alguns motivos para não fazer isso:

– Empatia Assim como cada corredor, os fotógrafos chegam cedo, encaram sol, frio ou chuva para oferecer um registro que pode ser importante. Se você não sente vontade de comprar a imagem, sem problemas. Mas não faça print.

– Regulamento da ProvaHá uma alegação de muitas pessoas de que não deram consentimento para que suas imagens fossem exploradas. No entanto, em 99% dos regulamentos concordados pelos atletas no ato da inscrição, há os artigos que deixam claro que a empresa pode, sim, usar a sua imagem para eventuais divulgações pós-prova.

– Direito autoralO fotógrafo ou o próprio site podem entrar com pedido de Direito Autoral (Lei 6.910/98), visto que o uso da imagem não foi consentido – e, quando é feita a compra, esse direito é cedido.

Em tese, a corrida deveria ensinar sobre respeito às regras e ética — algo que, assim como mostramos no post anterior, está em falta em muitas ocasiões.