Com o decorrer dos anos, de maneira despretensiosa, o “Dia Mundial do Rock ‘N Roll” começou a crescer no Brasil. Quem acompanhou a realização de eventos em várias cidades e a mobilização nas redes sociais no último sábado (13 de julho) pôde perceber.

Há alguns anos, a data só era comentada e celebrada pelos admiradores do estilo. Em 2019, o “Dia Mundial do Rock” virou moda, arrastando pessoas para grandes shows, festas, comemorações em bares, praças e restaurantes. A tradição dos roqueiros de vestir a camisa preta de uma determinada banda se tornou regra até para os “não roqueiros”, como uma fantasia no feriado de Carnaval.

Em duas cidades brasileiras com diversos adeptos do rock ‘n roll, a data comemorativa envolveu grande parte da população. Em São Paulo, com apoio da prefeitura, foi realizada a comemoração com grandes bandas da cena na Praça da República, de forma gratuita. O principal espetáculo foi o “Angra e Friends”, que reuniu pela primeira vez integrantes da banda com membros do Shaman e Viper. Três grupos fundados pelo músico e maestro André Matos, que faleceu no último dia 08 de junho, comovendo a nação roqueira brasileira e internacional.

Para quem não sabe bem, André Matos ainda bem jovem fundou o Viper na década de 80, fez sucesso no Japão e, em seguida, montou Angra e Shaman, que fizeram inúmeras turnês pelo mundo e vendeu milhões de discos na Terra do Sol Nascente, países da Europa e Estados Unidos.

A celebração emocionou público, que lotou a praça, e os membros da banda em cima do palco. No dia, o prefeito de São Paulo Bruno Covas anunciou o decreto de outra data comemorativa: o “Dia Municipal do Heavy Metal” no dia 08 de junho, em homenagem a André Matos, data de seu falecimento.

Mais uma data para se tornar tradição e mobilizar admiradores. Na ocasião, prestigiou o evento também o deputado estadual do Paraná, Douglas Fabrício, que apresentou no estado projeto de Lei para inserir o “Dia Estadual do Heavy Metal” no calendário do Paraná, para também homenagear André Matos e incentivar realização de eventos do segmento no estado.

Em outros estados, a iniciativa também vem recebendo propostas de parlamentares, como Goiás e Espírito Santo.

Uma petição realizada via internet, que conta com mais de 42 mil assinaturas de fãs solicitando o “Dia do Metal”, motivou os políticos a apresentarem e votarem o projeto de Lei em cidades e estados.

Em Curitiba, o “Dia Mundial do Rock” também mobilizou a juventude. Duas grandes casas de rock da cidade promoveram festas com celebração da data e arrastando multidões. O “Hard Rock Café” promoveu evento durante todo o dia destinado às famílias e aos jovens, com a participação de bandas da cidade, como Relespública, o guitarrista Edu Ardanuy (ex-Dr.Sin), a banda Malta, com tributo ao Queen, espaço destinado para crianças terem o primeiro contato com o instrumento e, também, acesso ao seu valoroso acervo de guitarras assinadas dos principais músicos do mundo. Um verdadeiro museu do rock em Curitiba.

Com uma proposta mais de balada, o bar Crossroads promoveu o “Never Surrender: Dia Mundial do Rock ‘n Roll” na Usina 5, com uma grande estrutura de palcos, inúmeras bandas para executar variados subgêneros do rock ‘n roll, como Motorocker, Matanza Inc e Dead Fish, do meio dia até as cinco da manhã. Um verdadeiro Woodstock paranaense, mas com glamour de Rock In Rio. O festival curitibano atraiu mais de 10 mil pessoas e contou com mais de 30 toneladas em equipamento de som e iluminação.

Fora os dois grandes eventos com dezenas de bandas, bares da cidade também realizaram suas festas do “Dia Mundial do Rock”, como Blood Rock Bar, Claymore, Tork ‘N Roll, que no dia anterior recebeu a consagrada banda paulista Ira!, e outras.

Ainda no Paraná, cidades do interior também já começam a celebrar a data com eventos. Como Campo Mourão, por exemplo, que contou com um tributo ao AC/DC na Concha Acústica.

Tanto na capital paranaense como na paulista, a data já está consagrada e agora as cidades começam a se dedicar para o “Dia do Heavy Metal” se tornar realidade.

Com o dia 08 de junho como homenagem a André Matos, a data tem o apoio da banda Angra e de seu fundador e ex-parceiro de composições de André, o guitarrista Rafael Bittencourt, que se dedica para viabilizar projetos de inclusão do rock ‘n roll nas escolas, com objetivo de popularizar o estilo.

Vale ainda mencionar que os projetos do “Dia do Metal” também contam com o apoio do empresário do mundo do rock, Paulo Baron, que teve papel importante na fundação do Shaman e na promoção da carreira do Angra.

Muita gente diz que o “Dia Mundial do Rock” só é comemorado no Brasil, país este que tem sua tradição no samba e no sertanejo. Porém, já começa a entender o valor do rock como manifestação cultural, que movimenta a arte, o turismo e a economia.

Importante ainda saber de onde vêm estas datas comemorativas. Vale lembrar sempre que o “Dia Mundial do Rock”, foi para homenagear o festival Live Aid, que com as maiores bandas de 1985, arrecadou fundos para combater a pobreza da África, e  repetir que o “Dia do Heavy Metal” no Brasil será para homenagear André Matos, figura única do estilo no país, que levou sua música para diversos países do globo.


André Molina é jornalista político, musical e economista

Foto: Lucas França, Festival do Crossroads, em Curitiba.