Somos uma nação de apenas 516 anos, o que nos coloca como adolescentes neste mundão. Como todo adolescente, somos chatos, autoconfiantes e via de regra arrogantes e donos da verdade (são quase sinônimos né?). Damos de ombro para os conselhos e experiências vividas pelos mais velhos e achamos os mais novos uns moderninhos aloprados. Sabemos de tudo, mas no final das contas passamos vergonha com a quantidade de jacuzices que aprontamos.

Em raros momentos de lucidez, decidimos numa onda de consciência coletiva que está na hora de um BASTA!. Sentimos que estamos cansados de tudo que nos aflige, na política ou no futebol, e queremos algo novo. Não novo de idade, mas de ideias. Um conceito diferente, talvez importado de nações mais desenvolvidas, ou uma cria da casa mesmo.

Damos um passo para frente, para em pouquíssimo tempo saltarmos para trás.

A demissão de Cristóvão Borges no Corinthians é um belo exemplo de como estamos estagnados no tempo do futebol. Foi uma boa aposta do time paulista para um trabalho renovado e arejado após a saída de Tite, mas o desfecho precoce da parceria escancara vários dos problemas que impedem o futebol brasileiro de evoluir. A contratação de Cristóvão foi uma novidade, mas sua demissão não.

A pressão da torcida e sua consequente influência na condução administrativa dos clubes novamente custaram a cabeça de um treinador. Essa influência, no Corinthians, Flamengo ou em qualquer um dos nossos times de Curitiba, é um dos males do futebol que precisa acabar. Torcedor tem que torcer. Vibrar, chorar e até xingar. E só. Enquanto dirigentes continuarem a decidir sob a influência das arquibancadas, seremos a geração 7 x 1 para sempre.

Seja na demissão de um treinador, seja na contratação de outro.

O Internacional, e me desculpem os gaúchos, merece o rebaixamento pela falta de convicção administrativa de seus dirigentes. Se há alguns anos o Colorado era exemplo de modernidade em sua gestão, hoje repete erros que havia parado de cometer.

O que fizeram com o Falcão (sua contratação e sua demissão) foi constrangedor, para não dizer uma falta de respeito sem precedentes. Não bastasse isso, trouxeram Celso Roth como salvação. Um treinador ultrapassado e que fatalmente será demitido caso milagre não aconteça no Beira-Rio. Nessa brincadeira gastam rios de dinheiro em nomes como Roth ou um eventual substituto seu. Se não der certo, apelam para algum auxiliar com identidade colorada para evitar o desastre.

Já vimos esse filme, esse círculo vicioso, que segue fazendo suas vítimas.

O futebol e a política

O ex-prefeito Rafael Greca se apresenta como um dirigente daqueles antigos, de arquibancada, que é apaixonado pelo clube/cidade, e que promete mundos e fundos para ver o seu amor bem, mais feliz. Não anda muito atualizado sobre administração/futebol moderno, mas tem boas intenções.
Do outro lado o atual prefeito, Gustavo Fruet, é um diretor de futebol remunerado. Tem a sua competência comprovada, visto que foi contratado/eleito para desempenhar a sua função no clube/cidade. Mas nem só de números e medidas administrativas vive um clube/cidade. Não adianta sanear o clube/cidade, administrando pepinos da administração anterior. Tem que jogar com a torcida também e se mostrar (pelo menos aparecer) apaixonado pela causa.

As duas possibilidades nos são apresentadas como as mais viáveis para as eleições de outubro. Decidir o que é melhor para nosso clube/cidade do coração é um desafio e precisa se encarado como tal. Por isso temos que por tudo na balança e pensar qual caminho trará a longo prazo o resultado esperado. Títulos já no ano que vem, com craques e estrelas, ou um time mais sólido, que aposta na sua gente para ter um futuro mais tranquilo e vitorioso?

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário