Os parlamentares petistas paranaenses também andam alvoroçados com o apetite do PMDB nacional, que pode acabar ficando com o comando das duas Casas no Congresso, agora que José Sarney (PMDB/AP) ameaça atropelar a candidatura de Tião Viana (PT/AC) à Presidência do Senado, enquanto o deputado federal Michel Temer (PMDB/SP) segue favorito na Câmara. “Não é bom nem para a democracia brasileira, nem para o próprio Congresso Nacional, que uma mesma sigla esteja à frente das duas Casas pelos próximos dois anos”, queixou-se o deputado federal Dr. Rosinha (PT).

Revezamento
O paranaense propõe que as bancadas do PT na Câmara e no Senado façam uma reunião conjunta, com a presença da direção do partido, para debater o assunto. E defendeu um acordo que prevê o revezamento na presidência da Câmara e a aplicação do princípio da alternância também no Senado.

Refém
A reação dos petistas é motivada pelo fato de que, com a presidência do Senado e da Câmara, o PMDB passa a ter um peso ainda maior na definição de candidaturas e alianças para as eleições presidenciais de 2010. Com isso, o PT corre o risco de ficar ainda mais refém da legenda, perdendo espaço em uma eventual composição para a sucessão do presidente Lula.

Esperança
O governador Requião ensaiou nesta semana uma aproximação com o PSDB de José Serra, alimentando a esperança de emplacar uma indicação de vice do tucano na disputa presidencial. Requião e os áulicos que o cercam só se esqueceram de combinar com a direção nacional do PMDB, que não morre de amores pelo paranaense. As chances da cúpula do partido indicá-lo para a vaga em caso de apoio a Serra são as mesmas do pedágio abaixar ou acabar no Paraná e de Requião demitir todos os parentes empregados em seu governo.

Oportunismo
Quem também não tem qualquer interesse em ver Requião como companheiro de chapa do governador paulista é a cúpula nacional do PSDB. A direção tucana conhece muito bem o oportunismo do paranaense. Na eleição de 2006, ele tentou atrair o partido para uma aliança na disputa pelo governo, mas ao mesmo tempo aceitou com gosto o apoio do presidente Lula e do PT, equilibrando-se entre as duas forças políticas por interesse pessoal.

Pressa
A redução de um ponto porcentual na taxa de juros básica pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não contentou os empresários paranaenses. Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Palácio do Planalto, nessa semana, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, defendeu novas medidas para evitar a recessão, como a antecipação da próxima reunião do Copom para uma nova queda na taxa de juros.

Sem susto
Engana-se quem pensa que o vice-governador Orlando Pessuti perdeu o sono depois que Requião ameaçou não se desincompatibilizar do cargo para concorrer ao Senado em 2010. Primeiro, porque Pessuti sabe que a ameaça não passa de um blefe. Segundo, porque, se isso realmente se confirmasse, o vice teria caminho aberto para ele mesmo disputar uma vaga no Senado — sonho que deixou de lado para disputar a eleição para o governo em 2006 ao lado de Requião.  

Caneta
Pessuti também está tranquilo quanto ao risco de não ter o apoio de Requião para concorrer à sucessão estadual. O governador sabe que, se sair do cargo para tentar voltar ao Senado, seu vice terá nove meses à frente do governo para pavimentar sua candidatura. E o próprio Requião precisará desesperadamente do apoio do aliado, que terá a caneta cheia e os prefeitos nas mãos nesse período.

Em alta
O deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) segue lutando por espaço na Câmara. Em entrevista a rádio CBN, Serraglio garantiu que, mesmo isolado pelo partido, tem reais chances na disputa pela presidência da Mesa Executiva da Casa.

Em baixa
O governador Roberto Requião (PMDB) não se cansa de utilizar a estrutura do governo — desta vez, a agência estadual de notícias — para atacar adversários políticos. Na sexta-feira, a agência criticava Beto Richa (PSDB) pelo reajuste das tarifas de ônibus.