Um dia depois do governador Roberto Requião ameaçar seu vice, Orlando Pessuti, dizendo que pode ficar no cargo até o fim do mandato, aliados e adversários do peemedebista ainda tentavam interpretar as entrelinhas das declarações dele. A grande maioria continua apostando que tudo não passa de um blefe para “enquadrar” Pessuti e os deputados do PMDB — e segurar a debandada geral que se ensaiava rumo aos candidatos de oposição.

Acordão
Outra avaliação aponta que Requião, na verdade, quer apenas abrir caminho para um grande “acordão”, no qual o PMDB apoiaria a candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa, ao governo em 2010. Em troca, o governador teria o apoio dos tucanos para voltar ao Senado e garantir um mandato que lhe permita manter o foro privilegiado contra as ações judiciais que o cercam.

Espaço
O próprio Pessuti tratou de colocar mais “lenha na fogueira” ao afirmar que o candidato do PMDB ao governo pode não estar filiado hoje ao partido. O recado óbvio é de que as portas da legenda estariam abertas para o senador Alvaro Dias, que não encontra espaço no PSDB para o sonho de tentar retornar ao comando do Estado.

Balança
O PT de Curitiba vive alardeando os investimentos federais na Capital paranaense, como argumento para sustentar a suposta boa vontade do governo Lula para com a cidade. Na prática, porém, o município tem dado muito mais do que recebe. Segundo levantamento da prefeitura, no ano passado Curitiba gerou uma arrecadação de cerca de R$ 9 bilhões que foram para os cofres da União. Em troca, recebeu apenas R$ 800 milhões em verbas federais.

Lentidão
Para o líder do prefeito na Câmara, vereador Mario Celso Cunha (PSB), o governo federal tem obrigação de devolver os valores pagos em impostos, mas vem fazendo isto de forma lenta. “Inclusive, os recursos do FGTS, que é dinheiro do trabalhador e não do governo federal. Estes valores apenas são administrados pela Caixa Econômica, mas são dos trabalhadores brasileiros”, lembrou.
 
Folclore
Mario Celso também aproveitou para alfinetar o vereador Pedro Paulo, que segundo ele foi escalado pelo PT local para bater na administração de Beto Richa — mas, segundo Cunha, vem fazendo isso de forma folclórica, mostrando dados irreais e fantasiosos. Ele lembra por exemplo, que o Promobi é financiado pelo BNDES e a prefeitura paga juros e correção monetária. E só consegue o empréstimo porque tem capacidade de endividamento e certidão do Tribunal de Contas, “ao contrário de muitas prefeituras do PT.”

Emocional
O ex-deputado Hermas Brandão assumiu nessa semana a presidência do Tribunal de Contas mostrando mais uma vez por que é considerado um dos políticos mais hábeis do Estado. Apertado pela imprensa sobre os repasses da Assembléia Legislativa a entidades filantrópicas e assistenciais, saiu pela tangente apelando para o emocional. “Tenho certeza que se vocês pudessem fariam o mesmo”, disse ele, sobre a ajuda a idosos e doentes.

Bom de voto
Há que se reconhecer a vocação de Brandão para ocupar espaços de destaque, mesmo sob adversidades. Não é a toa que, mesmo sendo um “estreante” dentro do tribunal, conseguiu quebrar a regra não escrita de que a presidência deve ser ocupada pelos conselheiros mais antigos. Com menos de dois anos na Casa, já chegou ao cargo máximo do TC.

Em alta
O juiz federal Alaôr Piacini decidiu excluir o nome dos ex-ministro JOSÉ DIRCEU do processo por improbidade administrativa no caso mensalão, abrindo caminho para a sonhada “reabilitação” do petista, que tem esperanças de voltar a disputar eleições em 2010.

Em baixa
Onze dias depois da promessa do secretário do Meio Ambiente, RASCA RODRIGUES, de regularizar a coleta de lixo no Litoral, os veranistas e moradores da região continuam dividindo espaço com entulhos nas calçadas. É mais uma promessa que fica na conversa.