A inversão de valores na política paranaense chegou a um ponto absurdo. Agora, deputados da bancada do governo Requião ameaçam iniciar um processo de cassação contra Tadeu Veneri, o petista inconveniente que ousou insistir em propor a proibição do uso do Estado como cabide de empregos para os parentes do governador e seus asseclas. Trata-se de mais um golpe na já combalida imagem do parlamento estadual, cada vez mais desacreditado perante a opinião pública.
Coerência
Impressiona também as justificativas dos demais parlamentares do PT para não apoiar a PEC antinepotismo. O líder petista na Assembléia, Elton Welter, dá a desculpa de que a lei deve vir de Brasília, esquecendo que estados como o Rio Grande do Sul – aliás governado recentemente pelo seu partido – a contratação de parentes de políticos já é proibida há mais de uma década, independente da lei federal.
Seletivo
Outro “companheiro” de Veneri, o professor Luizão, saiu com uma desculpa ainda mais esfarrapada. Diz ser contra o nepotismo, mas alega que essa proposta teria apenas a intenção de atingir o governo Requião. Traduzindo, Luizão diz ser contra o empreguismo familiar, mas não nesse governo, não por acaso, povoado por petistas em cargos de confiança, com polpudos salários.
Engrossando o caldo
A possibilidade do deputado federal paranaense, André Vargas (PT) assumir a presidência do diretório nacional petista, à princípio considerada remota, começa a se fortalecer. Em reunião na tarde de ontem, cerca de 40 deputados, do chamado campo majoritário, engrossaram o coro em torno da articulação para que um representante da Câmara Federal assuma a presidência do PT.
Missão árdua
O próximo dirigente terá a missão de reestruturar o partido – abalado com a série de escândalos envolvendo dirigentes e parlamentares – para a disputa das eleições de 2008 de 2010. “Queremos buscar a unidade política e a candidatura de Berzoini tem um amplo apoio, mas se ele eventualmente não concorrer, a nossa bancada gostaria de ter uma ação pró-ativa no processo de construção da unidade política”, afirmou o paranaense.
Expectativa
Nos dias 28 e 29 de setembro, os caciques do campo majoritário se reúnem em Atibaia, interior de São Paulo, para tentar fechar questão em torno da sucessão. “Tenho boa relação dentro do Campo Majoritário e fora dele. Isso pode ser um diferencial”, diz Vargas.
Frustração
O presidente da OAB Paraná, Alberto de Paula Machado, criticou a decisão Senado, que absolveu o Renan Calheiros do primeiro processo por quebra de decoro parlamentar. Segundo ele, os senadores desrespeitaram a vontade popular e frustraram as expectativas dos brasileiros, que após o início do julgamento do caso do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, havia começado a reacreditar nas instituições. Na avaliação de Machado, o Senado deveria ter agido com o mesmo rigor que o STF agiu contra os 40 mensaleiros. “Um mês que começou com uma esperança renovada termina manchado por esse grave ato dos senadores”, afirmou. “Ainda pior do que o resultado foi o método: uma sessão sigilosa, com voto secreto.”
Em alta
O deputado Stephanes Junior (PMDB)garante que vai manter a assinatura na proposta de emenda constitucional antinepotismo, mesmo com toda a pressão do partido. Há quem diga que a questão foi a gota d´água e que ele pode mudar de partido. Convites não faltam.
Em baixa
Depois de três anos de crise, mortes e até pedido de sua prisão por não divulgar dados, O secretário estadual da Saúde, Cláudio Xavier, anunciou ontem a formação de uma força-tarefa para estudar a situação da área da saúde no município de Ponta Grossa. Mais que atrasado.