Uma pesquisa encomendada pelos petistas do Paraná para consumo próprio pode mudar o rumo da disputa pelo governo do Estado nas eleições de outubro. Especula-se que o resultado aponte para a inviabilidade da candidatura de Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado em um cenário no qual tenha que enfrentar o senador Osmar Dias (PDT) e o ex-governador Roberto Requião (PMDB). Assim, os petistas estariam dispostos a reconsiderar a exigência pedetista de ter Gleisi como vice de Osmar para fechar aliança.
Preparação
A ex-presidente estadual do PT continua batendo o pé e resistindo a qualquer possibilidade de desistir de disputar o Senado para aceitar uma candidatura a vice na chapa do pré-candidato ao governo do PDT, Osmar Dias. Em recente evento de lançamento da pré-candidatura de Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu e prefeito de Cruzeiro do Oeste, à Câmara Federal, Gleisi Hoffmann reafirmou que não tem qualquer intenção de voltar atrás, apesar de ainda admitir que pode recuar caso haja uma ordem de cima, leia-se direção nacional do PT ou presidente Lula. Eu me preparei para ser candidata ao Senado. Não me preparei para ser candidata à vice e nem à deputada, nem a governadora, alegou. Seria uma honra abrir uma chapa com uma base aliada e claro, que essa é uma decisão do meu partido que vem fazendo essa discussão. Mas penso que podemos caminhar juntos, independente dos cargos, afirmou.
Palavra final
Por mais que Gleisi e o grupo de seu marido, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo – que comanda o PT do Paraná – resista, o fato é que a decisão é da cúpula nacional do partido. Não à toa, no último congresso do PT, em fevereiro, foi aprovada uma resolução dando carta branca à Executiva Nacional para dar a palavra final sobre candidaturas, composição de chapas e alianças nos estados. E na conjuntura atual, se a prioridade do PT é mesmo garantir palanques fortes para Dilma Roussef nos estados, não há dúvida que no Paraná, o melhor palanque seria o de Osmar Dias. Afinal, alguém acredita que o ex-prefeito de Londrina, Nedson Micheletti, ou a ex-secretária da Ciência e Tecnologia, Lygia Pupatto, possam dar suporte competitivo à Dilma no Estado?
Indicação
Os petistas locais negam, mas o comentário corrente é que o adiamento da visita de Dilma a Curitiba, prevista inicialmente para amanhã, é um indicativo claro de que o comando nacional da campanha do PT ainda aposta as fichas na aliança com Osmar. Um dos motivos do adiamento, aliás, foi justamente não provocar melindres junto ao PDT do senador, já que a princípio a visita previa o encontro apenas com o governador Orlando Pessuti (PMDB).
Tortura
A presidenciável petista, Dilma Roussef, participou ontem do programa Brasil Urgente da Band e disse que, na época da ditadura, foi presa em São Paulo e levada para um órgão chamado Operação Bandeirantes. A ex-ministra revelou que foi torturada por mais de um mês e submetida a pau-de-arara, palmatória e choque elétrico.
Demitido
O governador Orlando Pessuti (PMDB) continua mexendo as peças e afastando do poder protegidos do antecessor, Roberto Requião. Ontem, Pessuti confirmou a demissão de Rubens Ghilardi da presidência da Copel. Quem assume o comando da mais importante estatal paranaense é Ronald Ravedutti. Interlocutores próximos a Requião contam que ele anda bufando pelos cantos por conta das atitudes do sucessor.
Inconformado
Parlamentares da base do governo, aliás, contam que Requião anda telefonando a seus aliados para dizer que não apoia mais a pré-candidatura de Pessuti às eleições de outubro. Ele não se conforma não só com as mudanças nos primeiro e segundo escalão, mas também com o comportamento conciliador de seu antigo vice em questões como a da multa do Banestado e das tarifas do pedágio.
Susto
A performance do vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antonio Anibelli (PMDB) no confronto entre estudantes e seguranças da Casa assustou os integrantes do movimento que pede a saída de Nelson Justus (DEM) da presidência do parlamento estadual. É que Anibelli é justamente quem assumiria o cargo caso Justus caia.
Vice de risco
Brincadeiras à parte Anibelli é conhecido pela truculência e a falta de tato mesmo entre os colegas. Que também se preocupam com a possibilidade dele assumir o comando da Casa, pois as chances de isso complicar ainda mais a imagem do Legislativo seriam grandes.
Mais da metade
Quanto mais denúncias surgem contra os atuais ocupantes de cadeiras na Assembleia, mais se empolgam os vereadores de Curitiba que pretendem disputar a eleição de outubro. Nos últimos anos, o percentual de renovação na maior Casa Legislativa do estado tem sido pouco superior a 30%. Os especialistas estimam que a atual crise possa elevar o índice para mais de 50%.
Juros
A dívida pública brasileira já exigiu, nos sete anos do governo Lula, o pagamento de R$ 1,26 trilhão só de juros, critica o senador Alvaro Dias (PSDB). Alvaro considera o número um absurdo, especialmente porque os gastos com educação ficaram em R$ 149 bilhões, enquanto a saúde recebeu R$ 310 bilhões e os investimentos da União apenas R$ 93 bilhões. O senador lembra ainda que os gastos do governo Lula com o Bolsa Família, nos sete anos, ficaram pouco acima de R$ 50 bilhões. Enquanto isso, comparou, os lucros dos 100 maiores bancos do país, nos sete anos do governo Lula, somaram R$ 127,8 bilhões.
Em alta
O secretário da Segurança Pública, coronel Aramis Linhares Serpa, participa, hoje, da abertura do 2.º Encontro sobre Operações Conjuntas do Estado do Paraná. O evento acontece no hotel Bristol Viale Cataratas, em Foz do Iguaçu, a partir das 8h30. O encontro promove a integração de entidades públicas.
Em baixa
A procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que a eleição de um novo governador para o Distrito Federal não normalizou a situação institucional e não diminui a necessidade de intervenção federal na capital do país, que completa 50 anos hoje.