Exibindo um bom humor raro e inesperado, o governador Roberto Requião (PMDB) procurou ontem demonstrar que não está disposto a perder a voz e o comando sobre a sucessão estadual. A disposição dele em falar sobre o assunto deu indicações de que o peemedebista já foi à posse do novo presidente do Tribunal de Contas (e seu aliado), Hermas Brandão, preocupado em voltar a ocupar espaço no noticiário político — que havia sido tomado pelos líderes da oposição.
Virada
Deputados próximos a Requião garantem que o governador “é outra pessoa” nos últimos dias e que continuará sendo assim nos próximos meses. É que, passadas as eleições municipais, começa a contagem regressiva para a disputa de 2010. A partir de agora, o peemedebista abandonará a rispidez e o comportamento intolerante adotado até aqui, em favor de um tom bem mais conciliador em busca de apoio para sua candidatura ao Senado.
Blefe
A ameaça de Requião de não deixar o cargo em abril do ano que vem para não deixar que seu vice, Orlando Pessuti, assuma o governo e assim engatilhe uma candidatura à sucessão estadual já era esperada pelos aliados. Para eles, o governador está blefando e tentando recuperar o mando sobre o processo sucessório. Mas jamais vai querer ficar sem mandato, o que significaria o encerramento precoce de sua carreira política.
Convocação
Questionado sobre a sucessão presidencial, o governador Requião repetiu a cantinela — que ele mesmo não leva a sério — de que o PMDB terá candidato próprio à sucessão de Lula. E afirmou que ele mesmo se dispõe “a ir para o sacrifício” caso seja “convocado pelo partido”. O próprio Requião, porém, admitiu que essa é uma hipótese pouco provável — para não dizer remota ou inexistente, diante do histórico perfil fisiológico e adesista do PMDB nacional. “Não acredito que me convoquem”, ironizou.
Dureza
Com a “corda toda” ontem, Requião também derramou elogios ao novo presidente do TC, Hermas Brandão, que chegou ao tribunal com o seu apoio, depois de não conseguir ser candidato a vice-governador na chapa do peemedebista em 2006. “Eu espero que ele seja muito firme, que oriente as prefeituras e, em relação ao meu governo, quero uma fiscalização dura. Entendo que, quando o Tribunal de Contas endurece, me ajuda a governar”, disse.
Sorteado
A julgar pelo escolhido para julgar as contas de Requião de 2009, o governador pode mesmo ter trabalho com o TC. Como prevê o regimento interno do tribunal, o relator das contas do governador foi definido ontem por sorteio, e a escolha recaiu sobre o conselheiro Fernando Guimarães, que há algum tempo bateu de frente com Requião e foi aquinhoado pelo governador com o singelo apelido de “menino mandu”.
Defesa
O novo presidente do TC, Hermas Brandão, defendeu ontem os repasses feitos pela Assembléia Legislativa, quando ele comandava a Casa, a entidades assistenciais e filantrópicas. Os repasses foram suspensos recentemente por determinação do tribunal.
Em alta
O novo presidente do Tribunal de Contas, HERMAS BRANDÃO, demonstrou mais uma vez seu prestígio ao reunir, na posse para o cargo, ontem, os principais líderes políticos do Estado, tanto do lado do governo, quanto da oposição.
Em baixa
A ASSEMBLÉIA NACIONAL DA VENEZUELA aprovou ontem emenda constitucional que permitirá ao presidente Hugo Chávez concorrer indefinidamente à reeleição, perpetuando-se no cargo e cumprindo o sonho de todo caudilho.